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Os dilemas de ser pai e mãe crescem e ficam mais complexos na medida em que eles, os filhos, deixam a infância e adentram a juventude. A fase adolescente assusta muitos pais e alguns assuntos como liberdade, sexualidade e ambições profissionais podem se tornar temas espinhosos, e até mesmo tabus entre pais e filhos.
O executivo e educador físico, João Gambini, pai de dois jovens, Lucas, 23 anos e Vitor, 18 anos, vivenciou e ainda vive alguns dilemas sobre qual a melhor maneira de se relacionar com seus filhos. Mas alguns êxitos e a popularidade com os próprios filhos fizeram Gambini refletir sobre o que ele acertou e o que ele errou na jornada “pai de adolescente”. E ele compartilhou a sua reflexão pessoal com a gente. Reflexão esta, recheada de dicas muito bacanas e que o Pais em Apuros irá publicar numa série de 3 posts a partir de hoje.
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Por João Gambini
Gosto de conversar com meus filhos sobre o que penso e tentar entender o que eles pensam ou como pensam, mas nem sempre fui assim e isso me valeu muitas horas e dores de cabeça.
Minha ideia inicial é que nossa amizade e confiança ajudaria em todos os momentos e até que acertei em parte por pensar assim. Contudo, no decorrer do caminho do relacionamento foram surgindo dilemas, questões do tipo “sinuca de bico” ou “saia justa”, contradições que pediam visões novas ou de outra natureza e que eu, de meu lado, não tinha e precisei aprender.
O dilema do vocabulário diferente
Esse foi o primeiro dilema que não só me deparei, mas que percebi enquanto eles iam crescendo e amadurecendo.
Ao longo da nossa educação formamos um repertório cultural e de conhecimentos que são expressos pela nossa fala, escrita e gestos. E o que aprendemos de repente se torna regra, e passamos a enxergar o mundo com essa lente que nós mesmos criamos.
Parece tudo, menos uma conversa!
Por isso quando conversamos com os jovens vamos falando do nosso jeito e não percebemos que muitas palavras que utilizamos não compõem o vocabulário deles. Eles não entendem. Assim como nós também não os entendemos.
Eu via aquele bruto “cavalão” do meu lado, me olhando de cima pra baixo e me confundia com o tom, os gestos e a precisão das palavras. Não entendia o que meu próprio filho queria me dizer.
Como lidar
Quando conversamos com as crianças mudamos o tom, utilizamos palavras mais simples e exemplos mais claros para adequar nossas ideias de maneira que elas entendam. E no geral funciona. Por que deixamos de fazer isso quando elas se tornam adolescentes ou jovens? Parece que tiramos aqueles filtros e impomos um vocabulário mais complexo para levá-los ao nosso “pseudo-nível-intelectual”. Assim, de uma hora para outra. Claro que dessa maneira não funciona. A conversa não flui.
Percebi com meus filhos que a diferença de repertório da minha parte para eles comprometia o nosso entendimento. Então comecei a interromper essas “conversas que não eram conversas” para perguntar se eles sabiam o significado da palavra mais complexa que eu havia dito. Muitas vezes a resposta prontamente era um “não”.
Minha cara despencava, mas assim, dessa maneira, eu pausava o pensamento e explicava o significado, e o papo seguia. A mesma coisa acontecia quando eu não conhecia palavras, gírias ou referências que eles utilizavam. As conversas tinham pausas, demoravam mais, mas agora sim eram conversas de verdade.
Só melhora
Superado o dilema do vocabulário, a conversa flui. E conforme pais e filhos vão conhecendo o repertório um do outro, a relação só melhora. Falar a mesma língua, ou pelo menos entender o que seu filho adolescente diz, diminui brigas, contratempos e mal entendidos. Ao menos funcionou para mim e para os meus filhos. Espero que possa ajudá-lo também. 🙂
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Os próximos posts desta série, bem como a maioria dos textos do Pais em Apuros sobre adolescentes, partem do pressuposto de que os pais antes de qualquer crítica aos adolescentes, devem se perguntar se não estão caindo na armadilha da “Juvenoia”. Juvenoia é um termo, cunhado pelo sociólogo David Finkelhor, que serve para representar o sentimento de superioridade que os adultos tem em relação as gerações mais novas, bem como o medo exagerado de que os mais novos são mais influenciáveis por maus comportamentos, filmes, música ou tv. Aquela ideia do “essa geração está perdida”.
Aqui no Pais em Apuros partimos da premissa que não existe geração melhor ou pior. E que uma boa conversa franca e com disposição para ouvir de verdade e entender o outro lado é sempre o melhor caminho para conversar com os adolescentes.
#ficaadica
Quer saber mais sobre a Juvenoia? Então leia esse texto do Youpix e assista o mini-documentário abaixo.
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