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Os youtubers mirins ainda não saíram da pré-adolescência, mas já arrastam uma legião de espectadores, incluindo seus filhos.
Por João Pedro Teles
Teste rápido: você reconheceria na rua uns tais de Isaac do Vine, Lelê, Bel, Maisa Silva, Julia Silva, Manoela Antelo ou Juliana Baltar? Bom, se você responder algo do tipo: “A Maisa é a do Carrossel, certo?”, eu te digo “era”, pois faz tempo que ela brilha em outras telas. E se você não faz a mínima ideia de quem são as outras crianças está na hora de reconsiderar seus conhecimentos sobre celebridades mirins. Chegou a vez dos youtubers mirins.
Juntos, o time citado aí em cima soma mais de 16 milhões de inscritos em seus respectivos canais no YouTube. Em comum, todos eles falam para um público de crianças e pré-adolescentes.
A pauta dos pequeninos tem um pouquinho de tudo. Música, bate-papo, pegadinhas, confissões e brincadeiras estão entre os assuntos abordados nos vídeos, que têm duração média de cinco minutos.
O fenômeno de audiência é um sinal de que as coisas realmente mudaram pelas bandas da comunicação. A informalidade e interação desta linguagem das redes sociais é o que mais atrai os mais novos, já nascidos na era de smartphones e tablets.
Esta nova face da comunicação é a “praia” do influenciador digital Armindo Ferreira, de São José dos Campos. Palestrante, professor universitário e blogueiro, Armindo foi escolhido como uma das 30 pessoas mais influentes no universo digital do Brasil pelo Youpix, e é querido no meio por ajudar novos youtubers a desenvolverem seus canais.
Para Armindo, a audiência dos youtubers mirins é a prova cabal da consolidação desta nova forma de assistir seus programas favoritos. Para quem foi criança nos anos 80 e 90, é fácil comparar. Lembra daquela correria para não perder o desenho favorito na televisão, ou para assistir a música de abertura do Castelo Ra-Tim-Bum? Pois é, ficou no passado. Atualmente o esquema é “on demand”, com os programas disponíveis na hora que as crianças quiserem e no local que estiverem.
“Esse fenômeno é mesmo a consolidação de uma nova mídia. Entra naquela coisa de que o homem muda a ferramenta e a ferramenta muda o homem. Hoje essa necessidade de horário para assistir o que as crianças gostam não existe mais. Na minha casa, por exemplo, todo mundo parava no domingo para assistir Silvio Santos. Hoje é tudo muito mais instantâneo”, explica.
Se a televisão possui uma norma de horários apropriados para diferenciar atrações infantis e adultas, a internet embaralha tudo. Portanto, a figura dos pais é fundamental para garantir que a experiência seja o mais proveitosa possível.
Para evitar os sustos com conteúdos inadequados no YouTube, a dica de Armindo é ativar uma ferramenta chamada YouTube Kids, que já faz um filtro natural, adequado para a criançada.
“O que rola nesses canais, e que eu gosto muito, é esse conteúdo de criança para criança. É um espaço plural de ideias e, com a supervisão dos pais, pode ser muito proveitoso. Mesmo utilizando a ferramenta de filtro, vale ficar atento para a linguagem desses youtubers (alguns falam palavrão mesmo) e os próprios temas que estão sendo abordados”, comenta.
Mesmo assim, antes de julgar o YouTube como um espaço sem regras e perigoso para seus filhos, propomos um exercício de consciência. Afinal, quem cresceu nas décadas de 1980 e 1980 pode ter tido lá seus deslizes para ler uma revista MAD, ou assistir a todos os apelos nada infantis de banheiras do Gugu e similares.
“Lixo para consumir sempre teve na TV e fora dela. Na internet também temos. A questão aqui é que os vídeos mostram gente como a gente. Além de nos oferecer a capacidade de também nos expressarmos para um grande público, montando nosso próprio canal”, afirma.
Tornar-se um youtuber mirim é muito simples. Uma câmera na mão, uma ideia na cabeça, somadas a uma conexão razoável e, pronto, já dá para lançar um vídeo na rede. E para a criançada que quer se aventurar neste novo veículo de comunicação, a ordem é uma só: se divertir!
“Para quem quer ter um canal, o mais importante é transformar tudo em brincadeira. Mas claro que precisamos dar alguns avisos aos pais. Por exemplo, evitar a exposição de itens da casa ou colocar a criança em situações muito constrangedoras ou perigosas. Também é legal que os pais participem da farra, que acompanhem as gravações. Mas, de resto, a diversão nessa idade é sem roteiro ou grandes pretensões com números de inscritos”, conclui.
No fim é uma grande diversão na qual os pais compram o sonho do filho, como no caso do vídeo acima. A Daiane, ex proprietária de um café, sempre teve a presença da filha Malu observando como ela preparava as bebidas. E um dia surgiu a ideia de colocar a pequena em frente a uma câmera para que ela mesma ensinasse o preparo de uma receita do café. Fã de vários youtubers, a Maluzinha topou na hora. O café foi vendido, mas o vídeo ficou. E a pequena ama mostrar para os colegas.
Ah, e uma última dica para os aspirantes: cuidem do áudio. A qualidade do canal depende mais do áudio do que do vídeo, já que grande parte das pessoas assiste de smartphones.
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