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Como lidar ao desconfiar ou descobrir que seu filho é gay ou trans

O que os pais devem fazer quando se desconfia ou descobre que um filho é homossexual ou transexual é algo relativo. Cada situação é única. Não existe receita de bolo, mas esta reportagem apresenta dicas para que esse momento não se torne traumático para nenhum dos lados envolvidos.

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Pingos nos “is”

Identidade de gênero - Crianças trans - Transgênero - Especial Pais em Apuros

Primeiramente, como já dissemos aqui no Pais em Apuros, é preciso entender que homossexual e transexual são coisas bem diferentes. Achar que os dois são a mesma coisa é uma grande confusão que muitas pessoas fazem. A homossexualidade se refere a orientação sexual, ou seja, quando há desejo por pessoas do mesmo sexo. Um homossexual aceita bem o corpo no qual nasceu. Já o transexual é uma questão diferente, é sobre a identidade de gênero, que é como a pessoa se sente, se vê e como se reconhece. Uma pessoa transexual é alguém que não se reconhece com o corpo de nascença. Tais pessoas costumam se sentir presas num corpo estranho. É como se um homem estivesse trancado dentro do corpo de uma mulher. Ou o contrário, uma mulher aprisionada dentro de um corpo masculino. Então, vamos por partes!

Parte I – Pais de homossexuais

Entendendo a homossexualidade

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Em primeiro lugar, homossexualidade não é uma opção sexual, como muita gente diz. Ninguém escolhe por qual sexo sentir desejo. Isso é algo que já nasce com a pessoa, muito embora essa orientação, geralmente, só comece a se manifestar na adolescência. Ninguém sabe o que faz uma pessoa se interessar pelo mesmo sexo ou pelo sexo oposto, ainda não existe nenhuma comprovação científica de que a causa seja genética ou psicológica.

Os pais sempre sabem?

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Se você suspeita que o se filho é homossexual, cercar o assunto é missão complexa. Nesse caso, buscar a ajuda de um psicólogo pode ser um caminho eficaz. No entanto, o ideal é que o filho se abra com os pais a respeito da sua sexualidade. Se você suspeita, mas ele ainda não lhe contou, é hora de acender o sinal de alerta. Deixando claro: o alerta não é pelo fato de que o seu filho (talvez) seja homossexual, mas porque não te contou.

“É bem possível que o filho tenha medo ou se sinta desconfortável para se abrir com os pais por percebê-los como preconceituosos. Os pais devem inspirar confiança aos filhos, só assim serão escolhidos por eles para conversar sobre as dúvidas e incertezas de sua sexualidade”, explica a psicóloga Lauren Moreaux.

O diálogo dentro de casa é muito importante!

Agora, se a suspeita se tornar realidade e ele, ou ela, confirmar para você, é bem simples: aceite. Se a orientação sexual do seu filho é diferente da que você esperava, a reflexão importante é que os filhos não são programáveis como máquinas, eles são pessoas com projetos pessoais e desejos próprios, que não dependem do que planejamos para eles.

“O fato de nossos filhos irem além de nossas expectativas é a grande maravilha e devemos admirá-los por isso. Não é apenas tolerar sua orientação sexual, mas respeitá-la”, ressalta Lauren.

Meu filho é gay. E agora?

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Love is Love – Maria Cristina e Jonas

Embora aceitar pareça simples, isso não torna a tarefa mais fácil. É preciso um esforço direcionado para respeitar os filhos como diferentes do imaginado e isso pode ser muito difícil para alguns pais, afinal, cada um tem o seu tempo de aprendizagem a ser respeitado. Se os pais não estiverem preparados para entender que o filho é homossexual, é importante procurar a ajuda de um psicólogo. A terapia pode ser uma ferramenta poderosa para os pais no processo aceitação do filho. Para o filho, a terapia é um apoio para fortalecê-lo diante da desaprovação da sociedade. É uma possibilidade de reflexão e de aceitação para toda a família.

Outra ferramenta importante é o interesse pela vida do seu filho. Perguntar onde foi, com quem esteve ou se foi divertido, é fundamental que ele confie e se sinta a vontade com você.

“O Jonas nem precisou chegar e me falar: mãe, eu sou gay. Eu já desconfiava e sempre demonstrei minha aceitação. Nós temos um diálogo muito aberto e eu procuro aconselha-lo, dar apoio e me coloco a disposição para o que ele precisar, ele sabe que pode contar comigo. Isso é o mais importante”, conta Maria Cristina Silva, mãe do publicitário Jonas Felipe.

Apoio

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Além disso, é importante saber que existem outras famílias vivendo a mesma experiência e buscar ajuda através de outras vivências pode ser enriquecedor para ambas partes. Existem diversas Ongs e grupos de apoio, como a Associação Brasileira de Pais e Mães de Homossexuais e livros, como Meu Filho é Homossexual, que tratam o assunto com muita franqueza, objetividade e delicadeza.

Vencendo a homofobia

Tenha em mente que, apesar de a sociedade estar se mostrando cada vez mais adaptável aos novos padrões de comportamento, isso não significa que estamos livres do preconceito, infelizmente. Se você se preocupa que o seu filho seja alvo de preconceito em alguns ambientes que frequentar, lembre-se que o acolhimento e solidariedade em casa são a base de tudo: o apoio da família é fundamental para que seu filho sinta que tem  o apoio necessário para enfrentar desaprovação do outro.

Parte II – Pais de transexuais

Entendendo a Transexualidade

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Menino ou menina?

Todos os dias a gente vê na internet, televisão, jornais e redes sociais casos de crianças transgênero. Mas vamos com calma, pois é importante saber o que isso significa. O sentimento de não pertencer ao próprio corpo afeta algumas crianças desde muito pequenas: elas começam a perceber que há algo de errado em seus corpinhos.  Elas não se reconhecem com o gênero de nascença. Isso se manifesta por volta dos 2, 3 ou até os 5 anos de idade, que é quando a criança alcança uma maturidade neurológica para saber se é menino ou se é menina.

Este corpo não é meu

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Ainda na primeira infância, crianças transgênero passam a se interessar por roupas e brincadeiras que não são (segundo a sociedade) compatíveis ao seu sexo, pois elas se veem de outra forma. Por exemplo, um menino pode começar a usar roupas e sapatos da mãe. É como se a criança olhasse no espelho e não se reconhecesse. A partir desse momento, ela passa a procurar outros elementos que possam ajudá-la a se ver como ela realmente se sente.

Mas calma

É natural crianças brincarem de tudo. Um menino se vestir como a mamãe ou a menina se vestir como um jogador de futebol americano. Se perguntarem para tais crianças, imersos na brincadeira, de que gênero são, é natural se o menino vier a dizer que é mulher, afinal ele aprendeu que “só mulheres se maquiam e usam salto alto”. Já a menina pode dizer que é um menino, afinal nunca viu uma mulher na NFL jogando futebol americano na tv. As crianças pensam que já que estão fazendo coisas de outro sexo, logo são do sexo oposto. Mas na maioria dos casos são situações passageiras, ligadas à brincadeira.

Para exemplos como esses, a orientação é aumentar para as crianças o raio sobre os papéis que homens e mulheres podem desempenhar. Fazendo isso, ainda que a menina vista a roupa de futebol americano, ela dirá que é uma menina. Porque a maioria dos preconceitos do tipo “isso é de menino e isso é de menina” são construções culturais e sociais que os pais projetam nas crianças. 

Travesti é diferente de Transexual

No meio das identidades de gênero ainda existem as travestis. Que diferentes dos transexuais não sentem aversão aos próprios corpos. Pelo contrário, a maioria dos travestis transita bem entre as duas personalidades masculina e feminina, ora adotando uma, ora adotando a outra.

A quadrinista Laerte, por exemplo, viveu como homem cisgênero a maior parte da vida, e diz não se arrepender. Agora vive como mulher. Com relação ao próprio corpo, Laerte está prestes a colocar seios e diz não gostar do saco escrotal, “saco é um saco”, brinca com a cantora Rita Lee em determinado momento do documentário Laerte-se. Mas em relação ao próprio pênis, ela acha “ok”.

Filhos transgêneros

Identidade de gênero - Crianças trans - Transgênero - Especial Pais em ApurosCrianças Trans – Leia a matéria completa. Clique aqui.

O sinal de alerta, sobre uma possível criança trans, só deve ser ligado caso o seu filho(a) manifeste de maneira persistente, consistente e insistente que pertence ao sexo oposto, acompanhados de reclamações em relação ao próprio corpo, como por exemplo, sua genitália.  

A família vai precisar de ajuda

Complicado, a gente sabe. E a dificuldade atinge diferentes esferas: passa pelo processo de conhecimento e busca da real identidade e aceitação. Portanto, se você desconfia que seu filho é trans, é hora de buscar ajuda. O processo não é simples e traz sofrimento para a criança e para a família e, muitas vezes, é comum os pais entrarem em conflito. Por isso, é importantíssimo contar com o apoio de um psiquiatra e de grupos de apoio.

Apoio

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Na hora de procurar ajuda, é muito importante que o especialista entenda sobre identidades transexuais, para que o caso não seja tratado como uma doença, o que de fato não é. Nesse caso, é importante também buscar ajuda no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o primeiro centro público de atendimento para crianças transgêneros no Brasil, coordenado pelo psiquiatra Alexandre Saadeh. Lá, os pacientes passam por sessões semanais de terapia sozinhos, com a família e em grupo, onde os pais compartilham suas experiências.

Além do suporte emocional e psicológico, o Instituto oferece o tratamento de bloqueio hormonal para crianças acima de 12 anos. “Quando começa a mudança corporal, a gente interrompe esse processo para adiar a puberdade”, explica o psiquiatra. Só depois, por volta dos 16 anos, o adolescente pode tomar hormônios para se desenvolver no sexo oposto de nascença.

Família é tudo!

Identidade de gênero - Crianças trans - Transgênero - Especial Pais em ApurosO apresentador Marcelo Tas e seu filho Luc. Clique para assistir.

A gente sabe que o apoio da família é essencial em qualquer situação, mas, na hora de assumir a sua orientação sexual ou transexualidade, se sentir acolhido e compreendido pelas pessoas mais próximas é muito importante, principalmente, para superar qualquer tipo de preconceito.

Nós não podemos impedir que os filhos sofram, mas, é nosso dever amenizar e, principalmente, não ser mais uma razão de sofrimento para eles. Amor, carinho e apoio serão sempre fundamentais na relação familiar.

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Autor desta Publicação
Rafaella Teixeira
Jornalista, fotógrafa e viajante. Além de viver com a mochila nas costas, gosta de esportes, cultura de qualquer parte do mundo, cinema e música.

Comentários

1 comentário
  1. publicado por
    Música LGBT: Seu filho escuta e isso é bom! – Pais em Apuros
    maio 25, 2017 Reply

    […] Como lidar ao desconfiar ou descobrir que seu filho é gay ou trans […]

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