Meu filho acha que é burro. Como ajudá-lo?
Facebook Twitter Google+ “Eu sou burro(a)!”. Muitas crianças aparecem com essa “fala”, que num primeiro momento...
Precisamos conversar sobre ensinar empreendedorismo para crianças e adolescentes. Mas empreendedorismo sem firulas. Nada de Business Model Generation, planilhas de Canvas, startup e afins. Precisamos preparar a geração Z para saber se virar.
Não há vagas
Um em cada três trabalhadores do mundo, está desempregado ou sobrevivendo por meio de um subemprego. Isso equivale a 1,1 bilhão de pessoas. E o futuro não é nada animador, devido a crise econômica mundial e também ao desenvolvimento tecnológico, ano após ano, milhões de trabalhadores vêm perdendo seus postos de trabalho desde 2008. O desemprego é um problema mundial e já gera conflitos.
Locals only
O grande pé atrás da Europa com a recente onda de imigração para o continente não reside apenas no preconceito étnico. Os subempregos historicamente descartados para os imigrantes, agora já interessam aos europeus.
A nova onda de conservadorismo em todo o mundo também se alimenta de sentimentos nacionalistas pró-trabalhadores locais contra trabalhadores estrangeiros. A crise do emprego está presente no “Make America Great Again” de Donald Trump, na recém-saída da Gran Bretanha da União Europeia, e na surpreendente ascensão da extrema direita na França liderada por Marine Le Pen. Esta última, candidata à presidência da França, quer instituir uma lei de “preferência nacional”, o que daria prioridade de emprego aos franceses frente aos imigrantes.
Sendo assim, se no chamado primeiro mundo o calo já está incomodando dessa maneira, claro que no Brasil não é diferente. Já há inúmeros casos de agressões de brasileiros contra imigrantes haitianos e sul-americanos motivados por discussões sobre trabalho.
Atualmente no país mais de 11 milhões de trabalhadores estão desempregados. E quem mais sofre com o desemprego são os jovens entre 18 a 24 anos. 16,8% deles estão desempregados no Brasil.
No mundo moderno esta faixa etária tem três vezes mais chances de ficar desempregada. O que quer dizer que o seu filho pode até se formar. Mas correrá sério risco de não encontrar um emprego.
Não vai melhorar
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que o número de desempregados crescerá em 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo em 2016. Já em 2017 1,1 milhão devem se juntar ao grupo. 700 mil serão brasileiros.
A OIT no início da década também alertou o mundo para a necessidade da criação de 600 milhões de vagas até 2020. Isso para manter a média de desemprego da época, 1 desempregado para cada 3 empregados. A mesma de hoje.
Governos de todo o mundo têm conseguido manter a média, mas sobretudo com políticas de austeridade, muitas vezes tolhendo direitos dos trabalhadores. Quanto a aumentar o número de postos de trabalho e a qualidade da remuneração, nisto estamos muito longe. Tanto que o diretor geral da OIT, o chileno Juan Somavia em relatório da entidade declarou que: “O que precisamos fazer é transformar a geração de empregos na nossa prioridade número um.”
Só que os mercados não veem assim. A única preocupação real dos mercados é lucrar mais. As principais empresas e bancos do mundo nunca lucraram tanto quanto agora. A batalha da criação de novos postos de trabalho já é uma batalha vencida pelas grandes corporações. A maior produção possível com o menor número possível de trabalhadores recebendo os salários mais baixos legalmente possíveis é a regra.
Para tudo! Tá na hora de mudar a direção
A versão global do sonho americano no tocante à educação dos filhos sempre residiu no esquema: escola particular + cursinho + faculdade boa + pós graduação = bom emprego. Um bom emprego resolveria a vida de qualquer um.
Mas há tempos essa conta não fecha. O bom emprego parece cada vez mais longe, mesmo para quem estuda. Na Espanha, 45% dos jovens estão desempregados. 39% deles têm ensino superior. Mesmo assim não conseguem uma vaga. Lá, assim como no Brasil, hoje em dia é comum conhecer, por exemplo, jovens engenheiros desempregados.
Temos que lidar com o novo mundo. Além da crise mundial, os avanços tecnológicos diminuíram e até extinguiram postos de trabalho. Uma montadora de automóveis não precisa do mesmo contingente de operários de antigamente no seu chão de fábrica. Os filhos da geração baby boomer estão se formando para trabalhar em mercados que estão sendo extintos ou demandando cada vez menos profissionais.
A educação datou
A educação praticada até hoje se baseia na formação de um operário. A maioria dos sistemas de ensino trabalha para desenvolver um trabalhador disciplinado, obediente, bom de memória e esforçado. A escola forma funcionários.
Escolas mais “moderninhas”, na onda da tecnologia, prometem formar o profissional do futuro. Daí dá-lhe lousas digitais, tablets e programas de computador a favor do ensino do seu filho. Como se a geração atual que não consegue os “bons empregos” não conseguisse os empregos por não dominar as ferramentas “modernas”. Mas estamos falando de jovens de até 25 anos, que sim, dominam internet e softwares.
A escola “inovadora” dos tablets e da lousa digital não é nada inovadora. Ela pretende formar o profissional do futuro, mas não vai conseguir. No livro “Now You See It”, a pesquisadora Cathy N. Davidson baseada em suas pesquisas aponta que das mais de 3 milhões de crianças que entraram na escola primária dos Estados Unidos em 2011, 65% trabalharão em profissões que ainda não existem.
Os tablets e programas de computador não são o futuro, são só a tecnologia da vez. E toda tecnologia é cíclica e se renova constantemente. Mas isso não é um problema. Os jovens de hoje são espertos, não precisam de manuais de instrução, tiram isso de letra.
Portanto o foco dos educadores deveria deixar as cartilhas ultrapassadas e a tecnologia de lado e se voltar para algo realmente importante: a formação do indivíduo. Pois se a vida é a arte de se virar, logo ensinar o seu filho a empreender é o melhor caminho.
Não haverá emprego para todos os jovens, então devemos ensiná-los a criar o próprio negócio. Sai a geração do funcionário padrão cumpridor de ordens e entra a geração das pessoas que fazem o próprio futuro acontecer.
Como?
Isso você ficará sabendo no nosso próximo texto sobre empreendedorismo para crianças e adolescentes. Até logo!
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Esse texto foi a introdução de uma série de três textos produzidos pelo nosso editor Gilmar Silva para o Especial Empreendedorismo Kids. Gilmar é autor do livro ‘Sem Trabalho – Como Sobreviver Num Mundo Sem Empregos’.
Imagens: Remix da obra Lunch atop a Skyscraper, famosa fotografia de Charles C. Ebbets. O registro original foi feito em 20 de setembro de 1932, durante a construção do RCA Building, em Nova Iorque.
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Comentários
2 ComentáriosKaren
jul 6, 2016Muito bom texto. Clareou minhas idéias e fortaleceu meu apoio ao empreendedorismo ;D
João Gambini
set 23, 2016Cara Karen, boa noite. Obrigado pela participação. Continue e divulgue aos amigos e familiares. Agradecemos muito.