A nova Rainha da Inglaterra
Facebook Twitter Google+ A Inglaterra tem uma nova rainha. Trata-se de uma garotinha, de 7 anos, chamada Matilda...
Considerado o primeiro aparato voador feito pelo homem, o bumerangue passou de objeto de lazer a esporte e vem conquistando novos adeptos no país, que ficam encantados com a mágica deste objeto voador. As curiosidades acerca do bumerangue são muitas e, se você já atirou um bumerangue, com certeza fez várias tentativas até que o objeto retornasse exatamente na sua mão. E aí está o charme do bumerangue: muitas vezes, nem a física explica como e porque os bumerangues voltam.
Um pouco de história
O bumerangue mais antigo que se tem notícia foi encontrado na Polônia e construído a partir de uma presa de mamute, há mais de 20 mil anos. Além das características lúdicas e de recreação que atraem crianças, adultos e idosos, os bumerangues eram utilizados em outras atividades, como cerimônias religiosas e caça, e servia para cortar carnes e vegetais, cavar a terra em busca de raízes comestíveis e para golpear a superfície da água durante a pesca. Segundo pesquisas, uma espécie de bumerangue era usado pelos faraós para caçar pássaros.
Os europeus descobriram os bumerangues em 1770, com a chegada do capitão James Cook, responsável pelo início da colonização inglesa na Oceania, à Austrália. O instrumento que a comitiva de Cook encontrou e levou para a Europa despertou a atenção de diversas pessoas na época. No entanto, os primeiros clubes, federações e entidades só foram formados no fim dos anos 60 e início dos anos 70 na Austrália, Europa e nos Estados Unidos.
Bumerangue no Brasil
No Brasil, o bumerangue começou a se popularizar no início da década de 80 através do empresário Carlos Martini Filho, o Magrão, que teve o primeiro contato com o esporte de uma forma bastante inusitada. “Eu estava no Parque do Ibirapuera e vi uma menina jogando bumerangue. Fui lá pedir para jogar e, sem querer, quebrei o bumerangue dela. Quando fui tentar comprar outro para devolver, vi que não existia no Brasil. Tive que fabricar um bumerangue para conseguir devolver para a menina depois”, lembra Magrão que, alguns anos depois, conquistou o 2º lugar na categoria Precisão no primeiro campeonato mundial de bumerangue, realizado nos Estados Unidos em 1987.
A paixão pelo bumerangue
Apaixonado pelo bumerangue, Magrão começou a pesquisar sobre o objeto voador e sua pesquisa o levou até o médico Carlos Pagliuchi, bumeranguista mais antigo que se tem história no Brasil. Desse encontro nasceu uma grande amizade que foi determinante para o avanço do esporte por aqui, pois resultou na introdução de modelos modernos e mais leves. Além de ser um dos nomes mais renomados do bumeranguismo no Brasil, Magrão possui uma das maiores fábricas de bumerangues do mundo, a Bahadara, que produz entre 20 e 30 mil bumerangues por ano, e patrocina diversos atletas, como o brasileiro André Caixeta, campeão mundial em 2014.
Além de dar clínicas e workshops e de participar de feiras e de campeonatos no mundo inteiro, em 1983 Magrão criou o Bumerangue Clube do Brasil e, mais tarde, em 2007, juntamente com um grupo de jogadores, criou a Federação Brasileira de Bumerangue, responsável por promover campeonatos e clínicas de bumerangue, o que ajudou a difundir o esporte no Brasil.
Mas como funciona?
Prato cheio para qualquer curso de engenharia avançada, o bumerangue é um festival de fenômenos físicos tão complexos que explicar seu percurso de ida e volta é complicado até para especialistas experientes. De fato, arremessar o bumerangue não é fácil e existem alguns elementos que devem ser levados em conta: força de gravidade, pressão gerada pelo movimento circular, força de arremesso, diferença entre o ar em suas pontas e o vento do ambiente.
Existem dois tipos de bumerangue: os que voltam e os que não voltam. E, como esporte, o bumerangue é dividido em oito modalidades: Pegada Rápida, Precisão, Máximo Tempo no Ar, Enduro, Estilo Livre, Super Catch, Australian Round e Distância. As competições podem ser individuais ou em equipe, realizadas em locais abertos, planos e sem obstáculos aos voos, com marcações de distância no chão. Elas compreendem várias provas, nas quais o competidor arremessa o bumerangue de um círculo, que deve alcançar uma distância mínima de 20 metros.
O jeitinho certo
Para cumprir seu destino circular, o bumerangue tem de ser atirado quase na vertical. A chave é o ângulo, que precisa ser calculado conforme o vento. Se estiver ventando forte, o objeto deve ser jogado mais em pé, em um ângulo fechado, para não subir demais. Se não, o vento o leva embora, para nunca mais voltar. Da mesma maneira, um vento fraco pede um lançamento com o bumerangue mais deitado, em um ângulo aberto.
Fascínio adolescente
O diretor de produção Wagner Cunha foi contagiado pelo bumerangue logo cedo, após ver seu vizinho, o Magrão, jogando bumerangue com alguns amigos. “Eu tinha uns 13 anos quando eu vi o pessoal jogando eu fiquei impressionado, parecia uma coisa mágica, aquele negócio indo e voltando”, conta o paulista, que encontrou no bumerangue mais que um esporte: uma terapia. “Eu jogo bumerangue todos os sábados e quando eu não posso treinar eu passo a semana inteira meio mal”.
De pai pra filho
Desde então, Wagner começou a participar das clínicas e workshops, passando a sua paixão pelo bumerangue para o seu filho mais novo, o Pedro. “Eu sempre joguei bumerangue, mas depois que teve o Mundial aqui no Brasil, em 2012, o Pedro começou a se interessar mais pelo esporte e então nós começarmos a participar de campeonatos. Nós já participamos dos circuitos da Federação, participamos todos os anos do Brasileiro e agora nós participamos do nosso primeiro campeonato Mundial, que aconteceu esse ano em Kiel, na Alemanha”.
De acordo com Wagner, a companhia de Pedro foi um grande estímulo para que ele praticasse o esporte com afinco: o garoto, de 11 anos, é o campeão brasileiro sub16 e todos os sábados joga bumerangue com o seu pai e um grupo que amigos no Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo. “O Pedro é o mascote da nossa turma e é muito bacana ter ele sempre jogando comigo. O bumerangue promove o contato e o respeito com a natureza, e ao praticar com o meu filho nós acabamos criando mais intimidade e fortalecendo o nosso vínculo. No bumerangue ele não é só o meu filho, ele é o meu companheiro, então a prática do esporte nos proporcionou essa relação de cumplicidade”, conta Wagner.
Partiu jogar Bumerangue?
O bumerangue foi concebido como uma ferramenta de caça, depois virou brinquedo e hoje em dia tem status de esporte. Em tempos de Olimpíadas, que tal dar uma chance para essa modalidade milenar, famosa mundialmente, mas pouco praticada? O Pais em Apuros recomenda. Boa diversão!
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