7 publicidades infantis sem noção que não teriam espaço hoje em dia
Facebook Twitter Google+ Tem gente por aí que anda dizendo que o mundo anda chato, mas nós do Pais em Apuros somos...
Suicídio é a segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos em todo mundo. Mesmo assim, pouco se fala a respeito.
Em abril o assunto virou tendência na internet e chamou atenção de muitos pais.
O que jogou os holofotes da rede sobre o tema foram duas coisas: a primeira foi uma reportagem da Tv Record sobre um jogo social chamado “Baleia Azul”. O jogo teria levado adolescentes russos a se suicidarem (no entanto, nenhum caso foi confirmado de fato). A outra motivação que levou a preocupação sobre suicídio adolescente ao radar dos pais foi a série “13 Reasons Why” que estreou na netflix.
Apesar de ser uma notícia falsa, o Jogo da Baleia Azul viralizou entre os jovens
O Baleia Azul acontece em fóruns escondidos na internet. No jogo os adolescentes são desafiados a realizarem tarefas arriscadas, bem como gravá-las para comprovarem os feitos. O último desafio (são 50 ao todo) é tirar a própria vida.
Este jogo macabro já chegou ao Brasil. Suspeita-se que quatro mortes no país estejam ligadas a desafios do jogo. Os desafios são vistos como um risco principalmente para jovens que já estão vulneráveis psicologicamente, pois o processo do jogo, de ir avançando desafio após desafio, meio que funciona como um ritual para quem tem tendência suicida. Fora isso, ainda existe uma espécie de júri que cobra a realização dos desafios e ameaça quem entrou no jogo, mas não está cumprindo suas tarefas.
Já a série 13 Reasons Why conta a história de Hannah, uma adolescente que se suicida após sofrer bullying e ser estuprada. Mas antes de cometer suicídio, a jovem deixa 13 fitas gravadas contando os motivos que a levaram a tirar a própria vida. Entre os motivos ela acusa vários colegas.
Com temáticas sobre bullying, assédio sexual e vazamento de fotos/vídeos íntimos, a série bombou e caiu no gosto do público jovem.
Com o sucesso também vieram as críticas negativas. Principalmente em relação a série romantizar o suicídio (a gravação das 13 fitas torna o processo da tomada de coragem para o suicídio um jogo de vingança e justificativa para o ato) e exibir a maneira como a menina se mata. Tanto as fitas como o método adotado podem servir de inspiração para jovens com problemas emocionais/psicológicos replicarem o que assistem na tela.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem três recomendações principais para a mídia sobre como abordar suicídio.
*não se aplica a homens-bomba/terrorismo
Outra premissa é o cuidado com o chamado efeito Werther. Werther é o protagonista de um livro do escritor alemão Goethe. A narrativa do suicídio do personagem no livro de Goethe é tão gráfica e detalhista que levou muitos jovens no século 16 a darem fins as suas vidas da mesma maneira que Werther. E esse efeito pode ser identificado ainda nos dias de hoje como nos casos de massacres em escolas, nos quais jovens atiram em colegas e depois se suicidam.
O filme “Elefante”(2011) do cineasta Gus Van Sant trata de um massacre em um colégio americano. O trailer acima (uma versão de um fã) utiliza de trilha a música Pumped Up Kicks, cuja letra fala sobre um massacre. A ideia de um atirador adolescente se vingar de colegas e se matar na sequência é recorrente na cultura pop americana. A repercussão que os americanos deram aos primeiros casos do tipo geraram um Efeito Werther que dura até hoje. 87% dos massacres cometidos no país são motivados por vingança de bullying.
Infelizmente, 13 Reasons Why derrapa em todas recomendações da OMS quando o assunto é suicídio. Mas…
13 Reasons Why é uma série sobre vingança. Hannah só aparece na tela para assombrar seus colegas. O foco está sempre no castigo. A série não trabalha o lado psicológico da garota. Não aponta como o quadro emocional dela foi evoluindo para que ela se visse tão perturbada. Não sugere uma saída para a personagem. Apenas mostra ela devastada.
Logo, 13 Reasons Why é uma boa série, mas não para discutir suicídio. Nisso ela peca porque não orienta na contramão do suicídio.
Um(a) adolescente com problemas emocionais, que venha sofrendo bullying/assédio ou que esteja passando por algo como fotos vazadas na internet, não deve assistir a série. A série pode até amedronta-los. Fazer com que pensem que podem vir a ter pensamentos suicidas. Talvez isso explique a explosão no número de atendimentos à jovens relatados nas últimas semanas pelo Centro de Valorização da Vida, o CVV (houve um crescimento de 445%). Muitos deles citando a série como motivo do contato.
Porém, a série funciona bem como cenário para se discutir o bullying e o assédio sexual cometido pelos adolescentes uns com os outros. A série consegue fazer o espectador se colocar no lugar dos meninos e meninas que fazem ou fizeram bullying com Hannah. A série também consegue deixar claro o quão inconveniente e doloroso é ser assediada e o quanto são patéticos e insensíveis os assediadores.
Os pais devem assistir a série e buscar mais informações sobre o tema. Também é interessante assistir com os filhos adolescentes que não estejam passando por problemas emocionais/sentimentais. Orientando-os que a chacota, a zoeira, machuca e além de ferir emocionalmente, pode vir a se tornar um grande problema, até uma tragédia.
Nenhum adolescente se tornará um suicida por assistir 13 Reasons Why ou por assistir a matéria sobre o jogo Baleia Azul. Tão pouco todos os jovens que sofrem bullying apresentarão tendências suicidas. Mas jovens já fragilizados podem sim ser mal influenciados pelo jogo e pela série.
Importante também ressaltar que a depressão e a angústia causadas pelo bullying não são “mimimi”. A internet já está cheia de adolescentes fazendo vídeos zoando sobre a Baleia Azul e dizendo que a personagem Hannah é “uma maluca”. Isso não ajuda. Suicídio é um tema sério e delicado e que deve ser discutido por profissionais.
Por isso elencamos os links abaixo:
Como reconhecer um comportamento suicida
5 Dicas de prevenção para pais e educadores
Não é brincadeira. Bullying é sério!
Por que as taxas de suicídio entre jovens seguem crescendo no Brasil?
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