Amamentar não é um tédio! É incrível!
Facebook Twitter Google+ Sobre amamentar… Por Gabi Sikorski Queria começar esse texto de um jeito diferente....
Pedalar com as crianças pode se revelar uma grande aula sobre urbanismo e cidadania
Quando ensinamos nossos filhos a pedalar, naturalmente o nosso foco principal reside no saber equilibrar-se sobre a bicicleta. Vencida tal etapa, lá vão os pais e a enérgica cria deslizar com a magrela pelos parques, pelas ruas mais tranquilas do bairro ou pelas ciclofaixas de lazer que costumam ocorrer aos domingos. E há aqueles que pedalarão rumo à escola, por exemplo, através das novas ciclovias e ciclofaixas que, pouco a pouco, nascem aqui e ali mudando, portanto, a paisagem das cidades marcada, sobretudo, pelo predomínio do uso (e abuso) do automóvel.
Se o cenário está mudando, logo, temos a chance de transformar também a nossa forma de ler e sentir a cidade e, fazer isso junto com os filhos – através da experiência concreta do pedal urbano -, pois pedalar é um convite e tanto para a prática da cidadania.
Não resta dúvida: independentemente de sermos adultos ou crianças, a forma como nos deslocamos pelas ruas – de carro, ônibus, bicicleta ou a pé – interfere diretamente na relação que estabelecemos com toda a urbe que está a nossa volta.
Ao deixar o carro em casa e pedalar lado a lado aos filhos, muitas surpresas ocorrem e mesmo aquelas desagradáveis têm um potencial tremendo para que logo cedo as crianças percebam que não à toa tem tanta gente clamando pelas tais cidades “mais humanizadas”.
As crianças podem perceber, por exemplo, que não há como se sentirem seguras pedalando na própria rua (no caso de não haver ciclovia ou ciclofaixa) devido à alta velocidade dos veículos motorizados. Logo, recorrem à calçada que, por sua vez, também desperta novas curiosidades: algumas poderiam ser mais largas para melhorar abrigar os pedestres e outras poderiam ter mais árvores para proporcionar agradáveis sombras (afinal, dentro do carro climatizado não se percebe esse nobre benefício).
E, haverá aquela criança que se indignará: mas se a calçada é dos pedestres, por que os carros estacionam sobre elas travando, por completo, a entrada de alguns estabelecimentos? Ou ainda reclamarão dos semáforos quando, desmontadas da bike, tiverem que fazer a travessia para o outro lado da rua – “poxa, o sinal verde pra gente não abre nunca e, quando abre, dura só um pouquinho…”.
Tudo isso instiga o olhar dos pequenos, fazendo-os enxergar uma cidade diferente daquela que, normalmente, não veem através dos vidros escuros dos carros. E há, claro, o outro lado da descoberta proporcionado pelo pedal: são protagonistas do seu caminho e ao verem algo que os desperta, podem subitamente parar e explorar a situação que pode ir desde uma inusitada ave numa árvore até um espetáculo de palhaços acontecendo numa esquina.
Na “caixa carro”, isso tudo passa mais despercebido (sem contar que muitas crianças seguem vidradas em seus tabletes e celulares durante todo o percurso motorizado), não possibilitando a troca imediata e espontânea com fenômenos vivos da urbe.
Naturalmente, as ciclovias e ciclofaixas que vêm sendo inseridas, reproduzindo, inclusive, as mais modernas tendências de urbanização – aquela voltada às pessoas e não mais à circulação dos automóveis soberanamente – irão atrair mais pais, mães e filhos para as pedaladas. Mas, o que já está se observando é que não se trata apenas do pedal rumo o lazer. É a família usando a magrela também como meio de transporte e rumando, portanto, para a construção de novas cidades mais inclusivas e menos adversas. E à medida que mais gente “vive e pisa a rua de verdade”, as reivindicações dos mais variados púbicos (das crianças à terceira idade) somam-se coletivamente.
Por isso, hoje, pais e filhos juntos, também através da bicicleta, têm a oportunidade de serem protagonistas de mudanças capazes de beneficiar ambos naquilo que é o espaço comum a todos nós: a cidade.
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