Tal pai, tal filha!
Facebook Twitter Google+ A vida imita a é arte Eu fui pai aos 17 anos. Em setembro minha filha completa 22 anos....
Sabe aquelas coisas da vida que você sabe que vai acontecer um dia, tenta se preparar, faz diversas suposições de como agiria caso acontecesse, mas que quando finalmente acontece você esquece de tudo e nem sabe o que fazer?
por Samara R. Martins*
Pois é, foi assim que aconteceu quando o Matheus chegou com o braço com algumas marcas de mordidas do berçário. O caso aconteceu por esses dias, meu pequeno o tendo um ano e três meses apenas. Meu marido foi busca-lo na escola de tardezinha, horário em que a professora dele já foi embora e as crianças ficam com uma auxiliar até os pais irem busca-las. A auxiliar em questão avisou ao meu marido que o Matheus havia sido mordido a tarde, mas que ela não estava presente na hora, então a professora pediu para que eu fosse lá no dia seguinte para que ela explicasse o caso.
Quando eles chegaram em casa e o Rodrigo me contou o caso, fui logo tirando o agasalho do Matheus pra ver o que tinha acontecido. Foi nesse momento que uma fúria sem precedentes tomou conta de mim, pois no bracinho dele haviam três marcas vermelhas de mordida. Minha fúria era principalmente pelo fato de serem três mordidas, sendo que uma já seria o suficiente para eu ficar chateada, mas três???
Onde as professoras estavam na primeira? Ele não chorou? Por que não afastaram a criança que o havia mordido para que o caso não se repetisse?
Enfim, ânimos acalmados, no dia seguinte fui a escola pronta para ouvir o caso antes de falar (conselho do marido!). Mas quando ouvi a história, juro que fiquei com muito mais pena da criança que o mordeu.
Trata-se de uma criança muito meiga, nunca tinha sido violenta com ninguém mas que estava passando por um caso delicado. Ela com menos de dois anos de idade e a sua mãe estava para dar a luz a seu primeiro irmãozinho, e ela claro, estava sentindo toda a vibração da família em torno de uma pessoa que não era ela.
Sabemos que crianças de até dois anos vivem na fase do egocentrismo total, onde elas acreditam que o mundo gira para elas e tudo que está ao seu redor é seu, então imagina como estava aquela cabecinha vendo sua casa se tornar o lar de um outro bebê!
Então o que ela fez: birra, choro, sono desregulado, se recusava a comer e por fim mordeu o meu bebê!! (logo o meu? ai que ódio!! mas deixa pra lá rs).
Enfim, por se tratar de um bebê não vou entrar aqui no mérito de que “os fins justificam os meios”. Mas compreendi que a criança estava mais irritada do que de costume, o que a levou a fazer algo que não lhe era habitual, o que pegou as professoras desprevenidas e levou ao ocorrido. Porém, o fato da reincidência ainda não estava totalmente esclarecido, mas eu falei que não havia gostado e tal.
Quando contei o que havia acontecido ao meu marido, ele levantou várias questões e ficou me perguntando coisas que eu não soube responder e dizendo o que eu deveria ter dito. Então eu disse pra ele ir comigo na escola, assim ele poderia dizer tudo que gostaria e pedir as explicações que eu não soube dar.
Fomos a escola e ali meu esposo pode expor todo seu sentimento perante o caso, chegou até a ser muito duro, e disse coisas um pouco fortes. Mas eu deixei que ele dissesse tudo, afinal, eu tenho todo interesse em que ele participe ativamente da vida escolar do nosso filho. Prefiro que ele seja exagerado no cuidado hoje, do que ser omisso e amanhã ele venha me cobrar que eu resolva todos os problemas que o Matheus venha a ter na escola.
No final ficou tudo bem, o Rodrigo chegou a pedir desculpas depois à diretora por causa das palavras duras, e ela afirmou que compreendia e que não o podaria de se expressar em qualquer coisa que fosse. E nós aprendemos que a temperança é uma virtude que na paternidade é bem mais difícil de se obter do que no cotidiano em geral.
Quanto as crianças? bem… essas seguem brincando juntas sem ressentimentos! rsrs e eu torcendo para que a criança que mordeu meu filho consiga passar bem por todas essas mudanças que envolvem a chegada de um irmãozinho e também para que o Matheus não morda ninguém no futuro!!! Bjim!
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*Samara, mãe de dois meninos, um de 1 ano e meio e outro de 3 anos e meio.
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Comentários
1 comentárioTalita
out 25, 2017Excelente artigo! Essa tem o dom da maternidade e da escrita . Parabéns pela forma como relatou tudo, nos dando dicas preciosas e sendo sensível e engraçada!!