Crianças amam o Papai Noel. Não, “péra”, mentira. Nem todas amam. A verdade é que tem um montão de crianças que não gosta nem um pouco. Sentem medo. E sabe, elas tem razão.

Papai Noel é um estranho

O Papai Noel (que não lembra em nada o pai da criança) é um homem enorme, peludo e estranho. Já reparou como ele é todo desajeitado? Para piorar, o “velhinho” (que não se parece nada com o vovô e a vovó) veste-se com roupas chamativas de inverno (um casaco em pleno verão) e entra de mansinho na casa das pessoas à noite. Sem pedir. Sem bater. Sem ninguém ver! Meu Deus! O Papai Noel pode ser assustador e para muitas crianças essa é a imagem mais próxima de um “monstro de verdade” que verão na infância.

Pensando nisso o Pais em Apuros buscou dicas com uma psicopedagoga para evitar a choradeira pós o “vai lá sentar no colo daquele homem grande, estranho e barbudo que invadiu a nossa casa“.

***

Quem tem medo do Papai Noel?

A aparência caricata, as roupas coloridas e a grande barba chamam a atenção do pequeno Davi, que, com 1 ano de idade, já se encolhe nos braços da mãe de medo.

“Ano passado foi tranquilo o encontro dele no shopping com o Papai Noel, mas ainda era um bebezinho. Já nessa semana foi horrível, me senti até mal, ele tremia, chorava e dizia “não, mamãe, não’”. Comenta a mãe, Letícia Zucarelli.

O medo é uma condição humana e age como resultado de um estímulo, seja ele psíquico ou físico. Mas por que o medo do Papai Noel?

Para a psicopedagoga Cintia Fernandes, os adultos devem evitar a exposição dos pequenos quando existe o medo.

“O primeiro de tudo é respeitar a vontade da criança. Se não gosta, por que é preciso ir tão perto? Sentar no colo do Papai Noel e ainda tirar uma foto? Se não é vontade da criança de fotografar, eu acho que o pai e a mãe têm que saber respeitar”, explica Cintia.

Como lidar com o medo de Papai Noel

Já quem quer envolver as crianças no espírito natalino, é importante incluir a fantasia do natal nos meses anteriores à festa. A figura do Papai Noel deve se tornar familiar. Porque o Papai Noel não é nada familiar. Na maior parte das famílias o bom velhinho é muito diferente de todas as pessoas com as quais a criança convive.

Vale ressaltar também que os pais e os educadores devem explicar e desmistificar os símbolos do Natal, ampliando a percepção crítica do momento.

“Se a criança diz que não acredita, (fase em que a criança começa a testar os adultos, para ver quem falará a verdade, a mãe, o pai ou a tia), nesse caso, vale uma conversa, para saber o que a criança sabe, e o que ela traz dessa experiência.” Ressalta Cintia.

Letícia, mãe de Davi, deseja que o filho tenha boas recordações da data e pretende estimular o lado reflexivo.

“Penso que criança tem que ser criança e aproveitar ao máximo. Vou ensinar o Davi a escrever cartinhas, para quando ele crescer ter boas recordações. Além disso, ensinarei o significado, que vai além da figura do Papai Noel, que também vai ao encontro da religião e da cultura”, finaliza.

Bem vindo, Papai Noel!

Quem ainda tem dúvidas de como estimular o pensamento crítico dos pequenos durante o Natal, pode seguir algumas dicas da psicopedagoga:

– Respeito: fique atento e observe a maturidade, desenvolvimento e preferências dos filhos.

– Comece um bate-papo em casa pela origem e significado dos símbolos do Natal -independentemente da crença. Sobretudo sobre a questão do Papai Noel, para que se faça uma reflexão e diferenciação da figura relacionada ao consumo.

– A preparação da celebração, festa, comemoração é importante para que a criança participe para a percepção de pertencimento à família, bem como as relações e funções dentro desse núcleo. Arrumar a decoração em casa, se a família o faz, pode ser um início do processo.

– O momento também é ideal para coletar objetos, brinquedos e roupas em bom estado para doação, levando a criança a refletir sobre o uso dos pertences e despertar o olhar àqueles que não possuem condições financeiras.

***

Especial Natal Pais em Apuros

Confira também os textos:

“Por um Natal com menos presentes”

“Afinal, Papai Noel existe?”