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Pelo direito das grávidas ao mimimi

Estou grávida!

“Parabéns, ter um filho é uma bênção Divina!”

“Nossa, que lindo!”

“Quanta alegria!”

“Que emoção maravilhosa!”

Atenção, Grávidas!

grávidas

Essas são algumas das frases que ouvimos quando anunciamos uma gravidez. Somos agraciadas por esta oportunidade e em geral nos sentimos muito felizes com este marco em nossas vidas.

Gerar um filho tem sim uma magia, é um momento único de amor intenso, uma experiência divina, recheada de vivências puras e sutis. É uma emoção incomparável, um estado de graça único, uma continuidade de sua vida fora do seu corpo.

Sim, é tudo isso e muito mais. No entanto, junto a todas essas emoções existem sentimentos e sensações que são perturbadores, que muitas de nós mulheres sentimos, mas não compartilhamos.

Senta aqui, mulher. Vamos conversar.

A sociedade traz para a mente materna a ideia da experiência mágica do bebê Johnson, que é aquele bebê lindo, sem assaduras, que não chora, está sempre lindo e sorridente, limpinho, sem coco e xixi, sem febre, sem dente nascendo, sem manhas, sem doenças ou birras…

Sim, ter um filho é maravilhoso e, portanto, cheio de momentos mágicos e apaixonantes, mas em geral a maioria das mães se deparam com outra realidade muito diferente da divulgada antes do bebê nascer.

O seu bebê vai chorar, chorar muito!!!

“Ser mãe é padecer no paraíso!” Será mesmo?!

Desde o início até o final da gestação, convivemos com sintomas e emoções diversas e antagônicas, desde um desejo lindo de ver o nosso filho nascer bem, até a rotina estressante de consultas e exames, cansaço, insegurança com relação ao parto, hospital, enxoval entre outros. E isso se agrava quando o bebê nasce, pois nos sentimos exaustas, sem saber o que fazer com o choro incessante, com a cólica que tem horário marcado para começar, mas não para terminar, com as noites infindáveis sem dormir, com o leite que não desce ou que achamos que é fraco ou pouco, com a falta de tempo para comer, dormir, tomar banho, trocar de roupa ou descansar.

Algumas até gostariam de poder se queixar, mas se sentem inibidas já que o momento é tido como mágico e somos convencidas de que tudo isso faz parte da vida e ser mãe é padecer no paraíso! E então, como podemos nos permitir expor nosso cansaço e exaustão se todos dizem que ter um filho é maravilhoso? Como podemos confessar que estamos exaustas e que experimentamos certa ambivalência sobre a maternidade?

De um lado há uma felicidade enorme, brilhante, apaixonante por esse momento, mas por outro há um cansaço, uma fadiga, uma inexperiência fenomenal e uma falta de certeza de como fazer e se estamos no caminho certo.

Será que nessa fase existe algo de errado em nos sentirmos cansadas e desanimadas? Será que podemos chorar sem motivo aparente? Sair para relaxar num shopping? Podemos dormir para descansar? Almoçar com calma a nossa comida preferida?  Ir ao salão “fazer o cabelo” e as unhas que há meses não fazíamos? A resposta que em geral nos damos é “não” e, portanto, nos enclausuramos e ficamos com um fardo mais pesado do que o necessário.

Enfim, poderíamos ficar horas detalhando diversos exemplos que as mães vivem diariamente relacionados ao desafio emocional, físico e espiritual que é ser mãe, mas que em geral não são ditos livremente por uma crença limitante que carregamos que nos impede de falar sobre o lado cansativo ou desgastante da maternidade. Sofremos em silêncio.

Sim, vai ser mágico. Não, não vai ser fácil. Mas tudo bem!

Portanto mães, parabéns por esta capacidade de gerar um filho, mas que possamos sem culpa entender, que maternidade é um episódio cansativo sim, que você não está fora do padrão por estar muito exausta e insegura, que a maioria das mulheres sente o que vocês estão sentindo, mas não dividem claramente suas emoções por diversas razões e que tudo isso vai passar.

Sugerimos apenas que possamos falar livremente das nossas angustias, medos, receios e desgastes para que nossa carga fique assim dividida e portanto, mais leve. Que possamos aliviar o peso emocional tão inerente a essa fase, trocando experiências similares com quem também vive esse momento, sem preocupação com a imagem de mãe maravilha. Sim somos sensíveis e também nos cansamos. Somos normais.

E ai voltamos ao início desse texto, onde a alegria se fazia presente! Apesar de todas as etapas difíceis, mesmo as que nem aqui mencionamos, há algo de mágico que acontece, pois acabamos passando por tudo isso e o amor sobressai às aventuras radicais de se criar um filho. Superamos cada obstáculo e nos lembramos apenas do amor que circunda essa tal maternidade.

Parabéns você está grávida!

***

Padrim - Pais em Apuros

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Autor desta Publicação
Claudia Regina de Oliveira
Psicóloga pela UFMG, é Master Coach, pós-graduada em Gestão Empresarial e Psicologia Positiva. Atua em desenvolvimento humano, psicoterapia para adolescentes e adultos, coaching de carreira, orientação vocacional e preparação para entrevista de emprego. Facebook: ConectarhDesenvolvimentoHumano

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