Sobre ser mãe de primeira viagem: Mãe Também é gente!
Facebook Twitter Google+ Sobre ser mãe de primeira viagem Por Thaiz Wertz O texto vai acompanhado dessa foto aqui,...
“Parabéns, ter um filho é uma bênção Divina!”
“Nossa, que lindo!”
“Quanta alegria!”
“Que emoção maravilhosa!”
Essas são algumas das frases que ouvimos quando anunciamos uma gravidez. Somos agraciadas por esta oportunidade e em geral nos sentimos muito felizes com este marco em nossas vidas.
Gerar um filho tem sim uma magia, é um momento único de amor intenso, uma experiência divina, recheada de vivências puras e sutis. É uma emoção incomparável, um estado de graça único, uma continuidade de sua vida fora do seu corpo.
Sim, é tudo isso e muito mais. No entanto, junto a todas essas emoções existem sentimentos e sensações que são perturbadores, que muitas de nós mulheres sentimos, mas não compartilhamos.
A sociedade traz para a mente materna a ideia da experiência mágica do bebê Johnson, que é aquele bebê lindo, sem assaduras, que não chora, está sempre lindo e sorridente, limpinho, sem coco e xixi, sem febre, sem dente nascendo, sem manhas, sem doenças ou birras…
Sim, ter um filho é maravilhoso e, portanto, cheio de momentos mágicos e apaixonantes, mas em geral a maioria das mães se deparam com outra realidade muito diferente da divulgada antes do bebê nascer.
O seu bebê vai chorar, chorar muito!!!
Desde o início até o final da gestação, convivemos com sintomas e emoções diversas e antagônicas, desde um desejo lindo de ver o nosso filho nascer bem, até a rotina estressante de consultas e exames, cansaço, insegurança com relação ao parto, hospital, enxoval entre outros. E isso se agrava quando o bebê nasce, pois nos sentimos exaustas, sem saber o que fazer com o choro incessante, com a cólica que tem horário marcado para começar, mas não para terminar, com as noites infindáveis sem dormir, com o leite que não desce ou que achamos que é fraco ou pouco, com a falta de tempo para comer, dormir, tomar banho, trocar de roupa ou descansar.
Algumas até gostariam de poder se queixar, mas se sentem inibidas já que o momento é tido como mágico e somos convencidas de que tudo isso faz parte da vida e ser mãe é padecer no paraíso! E então, como podemos nos permitir expor nosso cansaço e exaustão se todos dizem que ter um filho é maravilhoso? Como podemos confessar que estamos exaustas e que experimentamos certa ambivalência sobre a maternidade?
De um lado há uma felicidade enorme, brilhante, apaixonante por esse momento, mas por outro há um cansaço, uma fadiga, uma inexperiência fenomenal e uma falta de certeza de como fazer e se estamos no caminho certo.
Será que nessa fase existe algo de errado em nos sentirmos cansadas e desanimadas? Será que podemos chorar sem motivo aparente? Sair para relaxar num shopping? Podemos dormir para descansar? Almoçar com calma a nossa comida preferida? Ir ao salão “fazer o cabelo” e as unhas que há meses não fazíamos? A resposta que em geral nos damos é “não” e, portanto, nos enclausuramos e ficamos com um fardo mais pesado do que o necessário.
Enfim, poderíamos ficar horas detalhando diversos exemplos que as mães vivem diariamente relacionados ao desafio emocional, físico e espiritual que é ser mãe, mas que em geral não são ditos livremente por uma crença limitante que carregamos que nos impede de falar sobre o lado cansativo ou desgastante da maternidade. Sofremos em silêncio.
Portanto mães, parabéns por esta capacidade de gerar um filho, mas que possamos sem culpa entender, que maternidade é um episódio cansativo sim, que você não está fora do padrão por estar muito exausta e insegura, que a maioria das mulheres sente o que vocês estão sentindo, mas não dividem claramente suas emoções por diversas razões e que tudo isso vai passar.
Sugerimos apenas que possamos falar livremente das nossas angustias, medos, receios e desgastes para que nossa carga fique assim dividida e portanto, mais leve. Que possamos aliviar o peso emocional tão inerente a essa fase, trocando experiências similares com quem também vive esse momento, sem preocupação com a imagem de mãe maravilha. Sim somos sensíveis e também nos cansamos. Somos normais.
E ai voltamos ao início desse texto, onde a alegria se fazia presente! Apesar de todas as etapas difíceis, mesmo as que nem aqui mencionamos, há algo de mágico que acontece, pois acabamos passando por tudo isso e o amor sobressai às aventuras radicais de se criar um filho. Superamos cada obstáculo e nos lembramos apenas do amor que circunda essa tal maternidade.
Parabéns você está grávida!
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