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Espírito paralímpico – Como introduzir os filhos com deficiência no esporte?

Esporte Paralímpico

Que praticar esportes é fundamental e traz benefícios a saúde todo mundo sabe. Para pessoas com deficiência, esses benefícios são ainda maiores, pois a pratica de modalidades esportivas trazem inúmeras melhorias físicas e mentais, estimulam a independência, desenvolvem habilidades motoras, ajudam a superar situações de frustração, melhoram a força e a resistência muscular e promovem uma experiência com as suas possibilidades, potencialidades e limitações. Além disso, o esporte também acaba incentivando ainda mais a interação, elevando a autoestima e a confiança.

Esporte Paralímpico - Pais em Apuros
Jogar é brincar – O garoto britânico Rio Woolfe, que pratica atletismo e futebol, virou um dos mascotes dos jogos paralímpicos do Rio de Janeiro.

Um pouco de história

Muito embora o esporte adaptado tenha ganhado um pouco mais de destaque somente nos últimos anos, a prática esportiva para pessoas com deficiência surgiu há mais de cem anos atrás com atividades voltadas para os deficientes auditivos, que participavam de esportes coletivos. Diante da boa evolução desses esportistas, alguns anos depois, outras modalidades começaram a ser adaptadas para pessoas com deficiência visual, como a natação e o atletismo.

As três bases do esporte paralímpico: União, Amizade e Desportividade
As bases do esporte paralímpico: União, Amizade e Desportividade

Porém, a popularização do esporte adaptado só aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados voltaram para seus países mutilados ou com outras deficiências. Já no Brasil, o paradesporto surgiu em meados dos anos 60 e, aos poucos, vem conquistando seu espaço em competições internacionais: em 2012, nas Paralimpíadas de Londres, nossos atletas tiveram o melhor rendimento da história na competição, conquistando 78 medalhas, o que levou o país ao 7º lugar no quadro geral.

As bases do esporte paralímpico representadas no logo da Paralimpíada Rio 2016
As bases do esporte paralímpico representadas no logo da Paralimpíada Rio 2016

Embora o Brasil venha sendo considerado uma potência no esporte adaptado, poucas pessoas com deficiência têm acesso ao esporte, devido ao pequeno número de locais adaptados para treinamento e da falta de profissionais capacitados.

Uma pena, uma vez que a lista de benefícios que o esporte proporciona às pessoas com deficiência vai muito além dos benefícios para a saúde: o esporte promove a inclusão, uma oportunidade de sociabilização e convivência que faz com que todos entendam melhor suas condições, minimizando assim o preconceito.

Mas por onde começar?

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Para os pais que desejam iniciar seus filhos deficientes em alguma modalidade esportiva, a primeira dica é procurar locais que ofereçam atividades esportivas para crianças e checar se há o auxílio de profissionais capacitados. “É importante se certificar sobre a capacitação dos profissionais que irão lidar com a criança, verificar se as instalações são seguras, se há supervisão adequada e, principalmente, se o local demostra uma receptividade positiva em relação ao trabalho com crianças e adolescentes com deficiência”, explica a professora de educação física e especialista em psicomotricidade Cristina Moraes. Além disso, a professora ressalta que as crianças com deficiência devem ter o primeiro contato com o esporte já no ambiente escolar, que deve acolher, atender e oferecer a todas as crianças as mesmas oportunidades. “No ambiente escolar ainda é restrita a interação das crianças com deficiência com as demais. Isso precisa ser constantemente estimulado pela escola, pela família e também pelas famílias das crianças sem deficiência”.

Outro cuidado importante é perceber se o filho gosta desta atividade que está sendo oferecida, se a criança está demonstrando interesse, motivação e alegria em praticá-la, pois isso é fundamental para que ela possa sentir os benefícios que o esporte traz. “É preciso tirar a criança de dentro da bolha protetora que a família tende a criar. Ela deve, primeiramente, brincar e cair, ela vai se machucar como toda criança, e deve ser apresentada a todos os esportes para que enfim escolha o que quer praticar. Aí, então, os pais devem correr atrás das adaptações possíveis para que seu filho se realize praticando o esporte preferido”, aconselha Evandro Bonocchi, atleta da seleção joseense de basquete em cadeira de rodas que palestra em todo o Brasil sobre temas como resiliência e superação.

Das piscinas de São José dos Campos para o mundo

Maiara após a participação na Maratona Aquática em San Diego, em 2015.
Maiara após a participação na Maratona Aquática em San Diego, em 2015.

Tão importante quanto a fisioterapia, a terapia ocupacional, a fonoaudiologia e a psicologia, o esporte abre um leque de possibilidades para as pessoas com deficiência. Foi o que aconteceu com a farmacêutica Maiara Barreto, que após um acidente de moto ficou tetraplégica e encontrou na natação mais do que apenas uma forma de reabilitação. Atualmente, a farmacêutica é a recordista brasileira nos 50mts, 100mts e 200mts livre da classe S3 e recordista brasileira nos 150 medley classe SM3, além de deter o recorde americano nos 50mts costa na classe S3.

Tais resultados garantiram a Maiara uma vaga nos Jogos Paralímpicos do Rio, “a realização de um sonho,” segundo a atleta. “Estou muito feliz de participar dos jogos, é uma felicidade que não cabe em mim. Por ser minha primeira participação, meu objetivo é conhecer o evento e minhas adversárias, sentir o clima e toda a experiência e melhorar meus tempos”, contou a atleta.

A convocação da Maiara para os jogos é considerada por seus pais uma grande vitória, já que, após o acidente, a atleta teve que reaprender tudo. “A natação foi a grande propulsora da reabilitação dela. Mesmo sendo tetraplégica ela consegue morar sozinha, ter o próprio carro, ser independente e, tudo isso, graças ao esporte”, conta Patrícia Barreto, mãe da atleta, que ressalta: “Para as crianças com deficiência, o esporte, talvez, seja mais importante ainda, pois pode ser onde eles consigam encontrar outras tantas crianças ou pessoas com as mesmas deficiências, trocar experiências, aprender com os erros e, principalmente, evoluir e se tornarem independentes e produtivos”.

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Autor desta Publicação
Rafaella Teixeira
Jornalista, fotógrafa e viajante. Além de viver com a mochila nas costas, gosta de esportes, cultura de qualquer parte do mundo, cinema e música.

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