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Adeus, chupeta!

Ela aparece em dez de cada dez listas de chás de bebês. As opções no mercado são cada vez maiores. Coloridas, com desenhos, transparentes, que brilham no escuro, convencionais, “ortodônticas”, nacionais ou importadas…ufa! Mas afinal, a chupeta é vilã ou amiga?

Futuras mamães, que estão esperando seus bebês, devem incluir este item em suas compras? E as crianças que já fazem uso dela, podem continuar?

Conversamos com a Dra. Greice Paes de Almeida, odontopediatra com grande experiência nesse assunto sobre essas e várias questões relacionadas ao uso da chupeta.

Mas o que a especialista tem a dizer sobre elas? 

Pois é mamães, parece que a propaganda é um tanto enganosa. A odontopediatria não indica o uso da chupeta e deixa claro que não existe um tipo de chupeta adequado que não faça mal, qualquer uma, mesmo as erroneamente classificadas como “ortodônticas”, em uso contínuo vão causar prejuízos físicos e cognitivos.

Na verdade, seu uso deveria ser restrito às situações específicas como as cólicas dos primeiros meses de vida, porém uma vez adotada pelos pais há uma grande dificuldade na remoção da chupeta, já que ela se torna um calmante, um “liga e desliga” da criança.

Principais problemas

Entre os principais problemas do uso contínuo da chupeta podemos destacar os físicos, como alteração no posicionamento dental, mordida aberta e cruzada, dificuldades na fala correta, prejuízo do vedamento labial, deglutição atípica e favorecimento da respiração bucal. Além da confusão de bicos logo no início da amamentação, pois a maneira de chupar a chupeta e a mamadeira, principalmente, é bastante diferente do peito.

Chupeta atrapalha o desenvolvimento emocional

Já em relação aos fatores emocionais, a chupeta acaba por se transformar em um substituto do carinho, colo e calor da mãe. E com o tempo ela vira símbolo de “amor e segurança”. O bebê chora muitas vezes para comunicar fome, calor, frio, desconforto, falta de companhia e de aconchego. Nenhum desses problemas é resolvido com chupeta. A melhor solução é descobrir porque o bebê está chorando. A chupeta realmente tem o poder de acalmar, mas essa função pode e deve ser substituída pelo carinho e atenção dos pais e /ou cuidadores.

Como lidar?

Ninar, pegar no colo, brincar, abraçar, deixar sentir o cheiro e ouvir o coração.
Nunca dê a chupeta em situações nas quais ela necessite de atenção e cuidado, quando ela tem uma decepção ou leva um tombo, por exemplo. Se a criança associar a chupeta com afeto, cria a necessidade da chupeta para se expressar e lidar com o mundo, o que explica o fato de crianças não conseguirem se desvencilhar desse hábito.

Outro fator importante é que os bebês exploram e conhecem o mundo através da boca, fazendo descobertas de texturas e sensações através da introdução de objetos e até das próprias mãos na boca e assim aumentam suas conexões neurais. Portanto aquelas crianças que estão sempre com a chupeta na boca acabam por ter uma menor interação com o ambiente à sua volta e um menor desenvolvimento cognitivo, tendem a ser menos criativas e exploradoras.

Tanto chupar o dedo quanto a chupeta são prejudiciais. O dedo por estar no corpo, tem o controle do hábito mais difícil. Pelo mesmo motivo não se deve usar prendedores na roupa e deixar a chupeta ao fácil alcance da criança.
Outro problema grave que pode ocorrer é adoçar a chupeta, pois pode levar ao desenvolvimento de cáries dentárias. Assim como a má higienização da chupetaa, que pode provocar o desenvolvimento de infecções, como por exemplo a candidíase, ou “sapinho”.

Mas o meu filho já está apegado à chupeta? Devo tirar? Quando? Qual a melhor a maneira?

A indicação é que se remova a chupeta o mais cedo possível. Mas deve-se considerar alguns fatores importantes.
A chupeta funciona como uma válvula de escape emocional. Então se o momento familiar não for adequado (separação dos pais, nascimento de irmão, troca de professora) não se deve iniciar a sua remoção.

Num momento adequado, a remoção deve ser feita de maneira gradativa, em um momento que ela tenha a atenção dos pais e durante o dia, começar a propor atividades sem a chupeta, como ler um livro junto com os pais. E assim fazer com que a criança comece a usar a chupeta cada dia por um período menor, pra que ela perceba que o carinho dos pais é muito mais gratificante pra ela do que a chupeta.

As trocas por brinquedos são mais complicadas, pois a criança pode não estar pronta para a troca, e então o combinado será quebrado, a criança fica com o presente e os pais acabam devolvendo a chupeta. Criando um conflito ético e educacional.

Em geral, os maiores problemas na remoção decorrem da grande dificuldade em dormir sem a chupeta. Muitas vezes é necessário primeiro ensinar a criança a dormir, criar um ambiente favorável, diminuir o ritmo, acalmar, contar histórias, até que a criança relaxe e aprenda a dormir sem a chupeta.

Com as crianças mais velhas, converse e explique as consequências da chupeta, geralmente elas são receptivas, querem ajudar no processo. Sempre que a criança esquecer, os pais devem a lembrar do combinado, e a noite será permitido apenas um pouco antes de dormir. O hábito será cada dia menor e aos poucos a criança sozinha escolherá algo mais prazeroso, como a companhia dos pais.
Com muita paciência, carinho e um pouco de criatividade você conseguirá ajudar o seu filho a abandonar a chupeta sem nenhum trauma.

Aprendendo a desapegar da chupeta com o projeto Pequeno Cidadão

Dica do Pequeno Cidadão ;D

Da para reverter o jogo da chupeta com bom humor e ludicidade como é a proposta deste vídeo que até já virou livro. Foi pensando nessa fase importante na vida de qualquer criança que Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto fizeram uma música para incentivar as crianças a largarem a chupeta, no projeto Pequeno Cidadão, idealizado pelo grupo e seus filhos em 2009. Com ilustrações feitas por Cláudia Briza, o livro conta a história do personagem da música, através de imagens bem coloridas, que prendem a atenção das crianças, sugerindo que largar a chupeta pode ser mais divertido do que parece. Além dos desenhos, o livro ensina as crianças a desenvolverem a consciência ecológica, mostrando quanto tempo a chupeta e outros materiais levam para se decompor na natureza e a importância da reciclagem.

#Ficaadica
Um odontopediatra pode avaliar cada caso e, se necessário, encaminhar para o ortodontista e fonoaudiólogo. Em geral a mordida aberta provocada pelo uso da chupeta regride naturalmente em três a seis meses após a remoção, quando está se dá precocemente e o vedamento labial é reconstituído.

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Autor desta Publicação
Greice Paes de Almeida
Formada em 1991 pela Universidade de Ribeirão Preto. Especialista em Odontopediatria e Odontologia para Bebês. Atua exclusivamente em Odontopediatria com ênfase em prevenção. Atende bebês e crianças em procedimentos preventivos e orientações à gestantes.

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