O Mercado de Trabalho não gosta de mães
Facebook Twitter Google+ As mães e o Mercado de Trabalho Pesquisa aponta que metade das mulheres que engravidam...
Por Thaiz Wertz
O texto vai acompanhado dessa foto aqui, do final de semana, porque eu não consegui tirar nenhuma foto hoje. Não porque eu não estou maquiada ou porque o Joaquim não está vestindo uma roupa fofinha, porque até está, mas porque é muito difícil conciliar a maternidade com todo o resto da vida.
Fico muito incomodada ao ver pessoas compartilhando só o lado bom da gravidez e da maternidade. Há quem cobre que você se ache M A R A V I L H O S A só porque está/estava grávida.
Há quem diga que se você não amamentar, você não será uma boa mãe. Há quem cobre o amor incondicional desde o teste de gravidez. Há quem diga que dá sim para seguir com a vida normalmente. Até dá, mas nunca mais será a mesma coisa.
Um filho te ensina que tempo é uma coisa que não dá pra controlar. Não dá pra voltar. Passou, passou. No meu caso, a faculdade está trancada. A vaga de estágio tão batalhada, já foi preenchida por outra pessoa. Mas a vida segue. Segue porque existe uma pessoa que precisa de você para VIVER no sentido literal da palavra.
É amamentação (no peito e na mamadeira) a cada três horas. É fralda suja. Cólica. Birra para ficar no colo. Birra porque não quer colo. Choro para dormir. Choro porque acordou. Choro porque a chupeta caiu da boca. Choro porque não quer a chupeta. Choro porque não fez cocô. Choro porque fez cocô e vazou até a nuca.
E no meio disso tudo você ainda precisa se alimentar, dormir, tomar banho, escovar os dentes, trabalhar, dar atenção aos amigos, familiares e namorado. Só o essencial, supérfluos nem pensar. Não dá tempo! NÃO DÁ!
Mas ai de você se reclamar, vai escutar logo de cara: “Ué, filho é assim mesmo”. Ok. Mas não vem com manual de instruções. Ninguém te ensina a ser mãe. Você se torna mãe aos poucos. Nasce um bebê, nasce uma mãe. E nós temos o direito de surtar de vez em quando. Nós temos esse direito porque não é fácil. É muito MUITO difícil, e não tem nada a ver com falta de amor ou com incapacidade. Tem a ver com humanidade.
Fácil ser a mãe perfeita em fotos e vídeo. Mas na hora do vamos ver, o bicho pega. Nós, mães, temos o direito de nos sentirmos cansadas. Com vontade de largar tudo. Colocar um tampão no ouvido e sair sem rumo.
Dá vontade de chorar. De parar a primeira pessoa na rua e dizer: “segura ele só um pouquinho? Só pra eu fazer xixi”. Tudo o que eu queria era dormir uma noite inteira, ou começar uma tarefa e concluí-la no meu tempo. Isso não é ego, é necessidade. Mas vai ficar para depois. Para daqui alguns anos, quem sabe? Porque a maternidade é difícil, e às vezes, exige mais do que podemos dar.
Por isso, tudo bem você se sentir cansada, miga. Não se sinta culpada não. Toda mãe fica, algumas apenas preferem não verbalizar.
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