Cinco receitas práticas para mães e pais que trabalham
Facebook Twitter Google+ Com a correria do dia a dia, a praticidade acaba sendo a palavra de lei e, na maioria das...
O Pais em Apuros apresenta uma alternativa para a fase do desmamamento dos bebês. Uma alternativa saudável que pode substituir as tradicionais papinhas dos bebês e resultar em crianças que comem de tudo e com menos tendência a engordar. O segredo: o método BLW (Baby Led Weaning – ou desmame guiado pelo bebê).
***
Pais e mães sabem quanta angústia pode gerar a alimentação dos pequenos. Assim como em outros ciclos da vida, há sempre a expectativa, a cobrança, e quando surgem as pedras no caminho, a culpa. Um bebê que não come de forma alguma, uma criança que resiste bravamente a experimentar alimentos novos, um adulto frustrado que sente enjoo só de sentir cheiro de alguns alimentos. Parece cena de filme de terror, mas é super comum, né?
As diversas formas de lidar com este tema passam sempre por estimular as crianças a conhecer e brincar com mundo dos alimentos: cheiros, sabores, texturas, receitas, feiras, hortas; as opções são várias. Mas de fato precisamos chegar a esse ponto? Porque é tão comum conhecer uma crainça que tem uma barreira a experimentar alimentos novos e prefere ficar na bolacha recheada e nos sucos de caixinha? A resposta com certeza não é simples, mas o período da alimentação complementar, aquele no qual o bebê deixa de tomar apenas o leite, parece ter total influência nesse processo.
Hoje vastamente documentado na literatura científica de países europeus, o BLW (Baby Led Weaning – ou desmame liderado pelo bebê) tem como trunfo diminuir o nível de angústia por parte dos pais em relação à alimentação dos filhos Também predispõe a criança a aceitar uma gama maior de alimentos, e também diminui a incidência casos de obesidade e sobrepeso na idade adulta.
Basicamente, no momento em que a criança está pronta pra começar a introdução de alimentos sólidos (por volta dos seis meses), colocá-la à mesa sempre com a família e, observando o interesse que demonstra pela comida, deixá-la manipular os alimentos com as próprias mãos. Uma atividade sensorial e exploratória, que a criança levará como uma brincadeira. Quando ainda não sabe como, nem por que comer, a motivação que tem para o que os adultos chamam de alimentar-se, para eles é a curiosidade e não devidamente a fome, que a essa altura ainda relacionam com o leite materno ou com a mamadeira.
Como explicou a pediatra Carolina Albani ao Pais em Apuros no texto “Seu filho come como gente grande? Isso não é legal”, além dos hábitos saudáveis virem de berço, é nesta fase que parte do paladar e do metabolismo da criança são definidos, e isso pode interferir diretamente na sua predisposição a obesidade.
“Por volta dos 300 primeiros dias de vida o corpo programa o metabolismo da vida inteira, então, por isso é indicado que a alimentação no primeiro ano passe longe dos produtos industrializados. Com uma alimentação com muito açúcar ou gordura, você programa este metabolismo para ser pré-disposto a desenvolver a obesidade”, explica Carolina.
Mas quais são as bases teóricas para se aventurar em um método diferente em uma fase tão importante? Em primeiro lugar está a auto regulação da saciedade. Até os seis meses, a amamentação exclusiva é a prática perfeita que para que o bebê aprenda a saber quando ainda tem fome e quando está saciado. Se pararmos para pensar, é impossível forçar de alguma maneira que o bebê aceite a amamentação mais do que seja necessária para ele. E mesmo bebês que recebem fórmulas lácteas em mamadeiras desde o nascimento também são igualmente capazes de introduzir a alimentação sólida através do método BLW.
Além disso, o BLW proporciona para o bebê a oportunidade de descobrir o que as comidas têm a oferecer como parte da descoberta sobre o mundo que o cerca. A criança utiliza da sua curiosidade natural para explorar, experimentar e também imitar as pessoas do seu convívio, e os adultos podem aproveitar dessa curiosidade para introduzir os alimentos sólidos saudáveis. Assim, é mantida a ênfase mais na brincadeira do que no dever de se alimentar, tornando todo processo mais natural.
A essa altura, papais e mamães em coro questionam: Ele não irá engasgar? Esse é sem dúvida o medo mais comum, independente do método que lançamos mão para o desmame. Mas a boa notícia é que na verdade, o bebê está correndo menor risco quando controla aquilo que vai à boca. Isso acontece porque, assim como existem as etapas de desenvolvimento antes de andar – sentar-se, engatinhar, ficar de pé e por último os primeiros passinhos –, com a alimentação acontece algo parecido. O bebê não é capaz de intencionalmente engolir algo até que desenvolva a habilidade de mastigar, e ele também não começa a mastigar até que esteja apto a segurar e levar coisas à boca.
Mas claro que alguns alimentos oferecem risco, por isso assim como acontece no desmame tradicional, informação e auxílio profissional são necessários para garantir segurança.
Mas se a qualidade daquilo que a família come não for adequada não vai funcionar. O bebê não pode comer batata frita, pizza, doces, etc. Assim como no desmame tradicional, no qual os pais são recomendados a introduzir a alimentação regular da família no final do primeiro ano, no BLW o mesmo acontece a partir dos seis meses. Então conscientize-se de que o seu filho não vai ter nunca uma alimentação diferente da sua. É o ambiente familiar que molda os hábitos da criança.
No mais, prepare-se para muita bagunça, sujeira, alimentos pelo chão, rosto, cabelo. Porque para os bebês está liberado brincar com comida. E essa atitude pode garantir aos pais filhos mais saudáveis no futuro. Uma troca justa não é mesmo?!
***