Não existe receita de bolo para ser uma boa mãe
Facebook Twitter Google+ O que é ser mãe? Por Andrea Mendes* Não existe nada no mundo que possa te preparar para...
Uma mãe não se faz com o anúncio do médico: “Parabéns, você vai ser mamãe”. Biologicamente falando basta engravidar e dar à luz. Mas na prática não é bem assim. Ser mãe e sentir-se mãe não é algo tão natural como o senso comum faz parecer.
Os laços de carinho e amor entre a mãe e o bebê na maioria dos casos começam na gravidez, mas isso não muda o fato de que existe algo diferente dentro do corpo da mulher. Principalmente das mamães de primeira viagem. Gerar um filho é conviver com um “corpo estranho” dentro de si.
A estudante universitária Thaiz Wertz só se sentiu uma mãe de fato após o parto. “Durante a gestação eu não me sentia mãe, sabia que tinha uma pessoinha dentro de mim, mas não conhecia esse sentimento (ser mãe). A ficha só caiu mesmo quando olhei para o Joaquim pela primeira vez”, conta a mamãe que deu à luz há 15 dias.
“A gente se faz para ser exatamente o que o bebê precisa. A frase ‘quando nasce um bebê, nasce também uma mãe’ pra mim foi muito verdadeira”, declara Thaiz.
Infelizmente nem todas as mamães dão a sorte da Thaiz. Estima-se que cerca de 10% a 15% das mães sofram com depressão pós-parto. Segundo a obstetra Caroline Ambrogini em entrevista para o portal Mães de Peito casos de depressão são comuns, “Estas mães precisam de ajuda médica e tratamento”.
Com os holofotes voltados para os bebês, muitos pais e familiares acabam se esquecendo das mães. Ninguém pergunta como elas estão. Mas mesmo as mães que não apresentam um quadro de depressão, também sofrem problemas emocionais no pós-parto. Muitas sofrem o que os americanos chamam de “baby blues”, uma melancolia momentânea que pode durar entre 15 e 30 dias após o parto.
Essa tristeza está ligada ao período do puerpério, que é o tempo que o corpo da mulher leva para retornar ao estado pré-gravidez. É o que as vovós e doulas mais antigas costumavam chamar de “dieta”. O puerpério dura entre 6 e 8 semanas.
“Os níveis hormonais dão um salto no pós-parto, logo é natural a oscilação de humor”, explica a obstetra.
Assim, paralelo à responsabilidade de ser mãe, a mulher se vê numa montanha russa de emoções. Por isso existem projetos como o Décimo Mês, uma campanha de conscientização para que as famílias cuidem bem das mães no mês seguinte ao parto.
Uma mãe não necessariamente se faz sozinha. O tal instinto materno para muitas mulheres é um mito. Sendo assim, toda ajuda nessa fase é bem-vinda.
Saiba mais sobre depressão pós-parto no site do Dr. Drauzio Varella
“Não sei o que esperar desse dia das mães. A maternidade nunca é como a gente espera. Idealizamos uma coisa e acontece de outra forma. Mas acho que nesse dia das mães tenho que agradecer a minha mãe infinitamente por tudo. Por toda ajuda. Assim como a gravidez, a maternidade não é as mil maravilhas como dizem. É difícil, mas vale muito a pena”, conta Thaiz.
As mil maravilhas da maternidade, assim como nos contos de Sherazade, são mitos. A realidade revela uma maternidade real menos romântica, mas não menos bonita.
Outra mãe de primeira viagem, a organizadora de eventos Mariana Claro revela seus principais desafios no papel de mãe do pequeno Antônio de 2 meses:
“A maior diferença entre a Mariana pré e pós Antônio é que agora eu tenho um serzinho que depende e precisa de mim praticamente 24horas por dia, e que dois meses pra cá se tornou quase que uma extensão de quem eu sou. E essa é também a mudança mais significativa que aconteceu com a chegada do bebê! Eu sempre fui muito independente e tinha autonomia total sobre meu tempo e a minha vida, e agora tudo é feito e planejado pensando nele! Por um tempo isso me assustou muito, como um medo de deixar de ser quem eu sou, de não me reconhecer mais nessa nova rotina, mas tudo foi se ajeitando e o entendimento se instalou a medida que os dias foram passando. E o amor incondicional (de que eu tanto ouvia falar) tomou conta de tudo! Hoje, olhando pro Antônio, eu acho engraçado pensar que faz apenas 60 dias que estamos juntos nesse mundo, porque parece que faz 60 anos, é como se de alguma maneira nós já estivéssemos destinados a esse encontro!”.
Sobre a expectativa para seu primeiro dia das mães com o Antônio, Mariana faz coro ao otimismo da universitária Thaiz: “Se um ano atrás alguém me dissesse que eu teria um filho pra chamar de meu nesse dia das mães eu teria rido alto e achado que a pessoa estava louca, rsrs! Mas hoje, com o Antônio nos meus braços, eu só consigo sentir uma alegria enorme e uma baita gratidão por ter a oportunidade de viver um dia das mães ao lado do meu filho e da minha mãe!”.
A chef de cozinha Rafaela Vianna traz boas novas às mamães de primeira viagem que como ela se assustaram com a gravidez e logo em seguida com a chegada do bebê.
Desafios
“A Rafa pré-gravidez não gostava de acordar cedo e vivia de mau-humor, tinha muito tempo livre e era um tanto preguiçosa, daquelas que preferia jantar um sanduíche para não ter que lavar louça depois. A mamãe Rafa já não dorme direito há muito tempo, mas, sempre acorda por volta das 6h30 feliz por ver o Germano sorrir. Está sempre correndo para fazer alguma coisa, ou várias ao mesmo tempo, e hoje sabe como dá trabalho cuidar da casa, da prole e ainda trabalhar”.
A Recompensa
Segundo Rafaela a maior mudança na vida dela enquanto mulher foi a falta de tempo para si. Em contrapartida a maior recompensa é o amor. “O tempo e o amor. Quanto ao tempo, parece que sempre faltam algumas horinhas no meu dia para realizar tudo que planejei. Já o amor, descobri uma nova forma de amar, realmente se dedicar a uma pessoa sem esperar nada em troca. A maternidade é altruísta e é sensacional”, revela.
Mãe experiente, só que não, Rafaela está indo para o seu segundo dia das mães. O pequeno Germano acaba de entrar na escolinha e a mãe babona agora já sabe lidar bem com o “serumaninho lindo” que entrou na sua vida.
“O Germano começou na escola, então por aqui o coração está a mil na espera da primeira festinha escolar, que é justo o dia das mães. Me impressiona notar sua evolução. De um bebê de poucos meses, totalmente dependente, o Germano agora anda, ou melhor, corre, já arrisca algumas palavras e tem se apresentado um ser curioso, inteligente, gentil, carinhoso e muito amigo dos animais. Não que antes todos esses adjetivos já não lhe pertencessem, mas, agora é incrível ver meu filho, que um dia já morou dentro de mim, hoje se mostrar e se expressar para o mundo como o ser humano lindo que é”.
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