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Carrinho de rolimã, um amor antigo!

Eu, pai, filho, professor, defensor do brincar para todas as crianças, ou melhor, para todas as idades e intergerações, gostaria de compartilhar com vocês o meu brinquedo favorito: o carrinho de rolimã.

Carrinho de rolimã

carrinho de rolimã
Carrinho de Rolimã – Os filhos do Ricardo: Cauê e Beatriz.

Faz uns três anos resolvi construir o primeiro carrinho de rolimã depois de adulto. Fiz bem. Hoje, contador de façanhas e causos, revivo mais vivo que nunca nos olhos dos meus filhos, o fascínio pelas ladeiras. Mesmo nos olhos dos amigos mais grandinhos que estranharam, mas que hoje se divertem juntos. Sem falar na cooperação, a construção artesanal, o empréstimo dos carrinhos mais velozes, as manobras com risos e surpresas.

Papai já foi Criança

carrinho de rolimã

A melhor coisa de compartilhar o carrinho de rolimã com meus filhos foi que o brincar com ele novamente alimentou a memória afetiva da criança pai. Me aproximou dos meus filhos. Diminuiu a distância entre a minha geração e a deles. Aí meus caros, me dei conta que as horas passadas na garagem e depois na ladeira eram de pura afetividade e intimidade.

Brincando junto deles, viro contador de histórias do passado: “no meu tempo de criança…”. Eles escutam com atenção como era brincar na rua descalço, machucar os dedos nas rodinhas quentes do carrinho, colocar os chinelos nas mãos para fazer de freios ou simplesmente para pilotar descalço. Depois me pego rindo da dificuldade da criança contemporânea em se manter equilibrada no acento de madeira tão próximo do chão e com o vento na cara.

Descendo a ladeira

carrinho de rolimã

Nesse momento de intimidade mais significativa do homem com suas crias – a respiração que sopra no cangote quando a filha de seis anos vem mochilada nas minhas costas e o coração acelerado do meu filho em meu colo – nesse curto momento (tempo da descida) eu ensino, história, física, competitividade, afeto, geografia, matemática, sociedade, filosofia, vida, morte e outros tantos conhecimentos sem abrir nenhum livro. Brincando. Conhecimentos implícitos numa brincadeira, num brinquedo que quebra e precisa de reparos para continuar a diversão.

Descer a ladeira, numa “rua sem carros” (puro eufemismo dos dias atuais), aguardar o momento certo, e no melhor de todas as sensações da velocidade desse carrinho acabar respeitando o corpo no espaço e ao final do percurso com curvas sinuosas ou não, olhar nos olhos brilhando de cumplicidade. Olhar para o alto e saber que o seu maior desejo de brincar pode continuar desde que você suba novamente a rua, arrastando o seu carrinho pelas mãos, as rodas traseiras na pista grossa e o barulho quase ensurdecedor são sinais de liberdade, para começar tudo outra vez (repetição da felicidade até quando as pernas aguentarem). 

Sem chips, mas com muita emoção

Como muitos meninos e meninas, meus pequenos só conheciam os brinquedos comprados nas lojas, industrializados, de plásticos e com as etiquetas da moda. Brincar com algo construído por eles, com madeira, pregos, parafusos porcas, rolimãs, martelo, serrote, furadeira e lixa para madeira, era tão distante para eles. Mas brinquedo é sempre brinquedo e antes que seja tarde é melhor brincar um pouco mais para fixar na memória essa sensação.

Taca-lhe pau nesse carrinho você também!

Partiu dar mais uma voltinha em São José dos Campos ou em Jacareí ao ar livre, descobrindo de graça e com muito bom humor o quanto aprendo brincando com o Cauê e com a Beatriz.  E de quebra, naturalmente, fazendo deles seres humanos cada vez melhores cognitivo, social e psicologicamente. Tudo isso descendo e subindo quantas ruas forem necessárias para construir nossas histórias de brincantes. Sem falar no gostinho de correr para abraça-los a cada percurso concluído, derrapada ou quando cruzam a linha imaginária da chegada.  Recomendo 😉

*

Ricardo Arte é Educador, formado em Artes Cênicas e Plásticas, pós graduado em Cultura e Artes brasileiras pela UNESP/SP, especialista em brinquedoteca e jogos. Atua em instituições educacionais e culturais nas cidades de São José dos Campos e Jacareí há mais de 16 anos e é educador no Programa Curumim do Sesc SP.

***

Padrim - Pais em Apuros

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Autor desta Publicação
Pais em Apuros
Espaço confiável e qualificado de ajuda e orientação aos pais na alucinante e maravilhosa aventura que é a criação e educação dos filhos.

Comentários

1 comentário
  1. publicado por
    Pollyana
    jul 3, 2017 Reply

    Lindo texto, mais linda ainda a atitude,maravilhosa. Parabéns por querer seus filhos próximos a ti. Ahhhh estou copiando este texto rsrs

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