Carnaval em Família: Conheça os Teixeira
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A gente espera uma vida toda para ser mãe, quando enfim estamos grávidas, esperamos ansiosamente para o dia em que teremos o bebê no colo e parece que o tempo não colabora e anda a passos de tartaruga. Daí um dia chega o fim da nossa espera e recebemos em nossos braços aquele serzinho tão delicado que é todo nosso.
por Samara R. Martins*
Mas daí pra frente, nem tudo é tão lindo quanto parece O que acontece é que muitas vezes quando o bebê nasce a gente não sente assim tudo tão maravilhoso, bate uma tristeza sem explicação, uma choradeira louca e muitas vezes pensamos até que pode ser depressão pós-parto. Mas isso tudo tem explicação sim, e pode não ser tão grave quanto pensamos.
Vou explicar melhor:
Quando se aproxima a data do parto, existe uma mudança hormonal que avisa ao corpo que já está chegando a hora de terminar aquele período de gravidez, e esses hormônios nos preparam psicologicamente para esse processo. Mas, quando o parto é via cesariana, antes de entrar em trabalho de parto, o corpo ainda não deu os sinais de que realmente chegou a hora. Então o que ocorre é que bruscamente dentro de um período de meia hora o corpo que antes servia de casinha para bebê agora voltará a normalidade anterior, e tão rápido assim sem nenhuma preparação psicológica e hormonal.
Com isso, acontece uma queda drástica dos hormônios da gravidez o que pode causar um fenômeno muito comum, mas não muito assumido pelas mulheres, chamado BABY BLUES. Isso é como uma depressão pós-parto, mas num nível bem inferior e tende a passar ainda no primeiro mês de nascimento do bebê.
Quando isso acontece, nós somos acometidas por uma tristeza profunda e sem explicação, dá uma vontade enorme de chorar o tempo todo e aquele sentimento de amor infinito e belo que esperávamos sentir pelo nosso filho, não acontece exatamente como imaginamos.
Isso aconteceu comigo no meu primeiro parto, embora eu não tenha conversado com ninguém a respeito na época. O que eu senti naqueles dias confusos quando o Matheus nasceu eu nem sei explicar direito, mas para ilustrar o que aconteceu, quero pedir licença às vacas para falar um pouco delas! (Rsrs). Como tenho formação acadêmica em Zootecnia, impossível não me lembrar desse animal, que em minha opinião, também se destaca dentre outros na defesa da sua cria.
Uma vaca quando pari tende a ficar muito brava, esconde a cria das pessoas e fica imersa naquele cuidado com seu bezerro.
Eu me sentia assim, protetora, queria fazer tudo sozinha, ficava muito brava quando meu bebê chorava e alguém queria pegá-lo no colo, pois aquela era minha responsabilidade, era o meu colo que ele precisava. E assim era com todas as outras coisas, não queria que ninguém desse banho, trocasse a roupa ou qualquer outro cuidado com ele. E ainda somava aquela dor infernal das fissuras nos seios que eu tinha que suportar para alimentar meu filho.
Eu simplesmente queria fazer como uma vaca brava que esconde seu bezerro no mato e só aparece depois de alguns dias.
O que eu fazia naqueles dias era entrar para o meu quarto, fechar a porta, cuidar do meu filho com todo o zelo que eu podia e chorar sozinha… Isso mesmo, chorar e chorar! Sem querer ninguém por perto, só eu e ele. Era como se só ele me importasse no mundo, o resto da população universal estava apenas atrapalhando nosso momento. Isso é difícil para a família, pois todos querem ficar juntos, ajudar, curtir o pequeno, como em um comercial de margarina, todo mundo feliz num cenário cor de rosa!
Mas graças a Deus esse período nebuloso passou. Em alguns dias meus hormônios se estabilizaram e meu corpo foi entendendo o que tinha acontecido.
Também meus mamilos cicatrizaram e eu enfim pude curtir em família a chegada do nosso precioso Matheus.
Não sei se eu teria tido esse BABY BLUES se tivesse tido um parto normal, mas as pesquisas indicam que ele é um fenômeno bem mais comum em mulheres que tiveram uma cesariana. O fato é que na segunda gestação também fiz uma cesariana mas graças a Deus não tive os sintomas do Baby Blues, talvez seja por causa da maturidade adquirida de não idealizar muito esse momento, na verdade acho que fui até pessimista de mais. No fim busquei mais apoio, deleguei mais as tarefas e entendi que todos podiam cuidar do Murilo junto comigo, foi mais gostoso esse momento, mais leve.
E finalizo com um conselho para as pessoas que estão ao redor de uma mulher que dará a luz em breve ou que teve seu filho a poucos dias: RESPEITE, NÃO CONFRONTE, NÃO COMPARE. Compreenda que o que acabou de acontecer com ela foi algo muito forte e que ela ainda está aprendendo a lidar com a situação de ter uma pessoa recém-nascida dependendo exclusivamente dela para sobreviver. Dê o seu apoio e procure ouvir mais do que falar, se você
observar que já passou muito tempo e que ela ainda não saiu desse estado, procure um especialista, pois ai sim, ela pode estar passando pela depressão pós-parto e isso é muito grave e precisa de cuidados especiais.
No mais, nada melhor do que amor e companheirismo para a mulher se sentir segura e se adaptar a nova vida de mãe, que é uma delícia, mas é também cheia de desafios, altos e baixos.
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*Samara é mãe de dois meninos, um de 1 ano e meio e outro de 3 anos e meio. Também é mãe e quer publicar um texto aqui no Pais em Apuros? Envie para paisemapuros@gmail.com 😉
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