Carnaval sem samba? Tem sim senhor!
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Quem definiu que existe brinquedo de menino e brinquedo de menina? As crianças que não foram. Provavelmente foi ideia da mesma pessoa que definiu que azul é cor de menino e rosa de menina.
Mas a pergunta correta desse texto não é essa. A pergunta mais importante aqui é: Por que a gente continua adotando essas ideias?
Por que as bonecas só falam mamãe e nunca papai?
Por que os fogões de brinquedo são sempre rosas?
Qual o problema de uma menina querer uma fantasia do Hulk?
Por que um menino não pode brincar de boneca?
Meninas não sabem se defender…. Oi???
“Brinquedo de menino e brinquedo de menina” é uma ideia que reproduz antigos preconceitos. Uma ideia que tinha lá sua razão no passado quando as mulheres eram criadas para serem donas de casa e mães de família. Mas no século XXI, “brinquedo de menina” e “brinquedo de menino” não fazem sentido algum.
As mulheres de hoje dirigem muito bem, de automóveis a empresas. Mulheres também lutam; escalam montanhas; tomam a iniciativa nos relacionamentos; são felizes solteiras; ou seja, podem e fazem de tudo.
O mesmo vale para os homens. Homens continuam fazendo de tudo. Mas no mundo moderno muitos também cozinham super bem e cuidam da casa e dos filhos enquanto as mães trabalham.
Essa incoerência com o mundo moderno já é notada até pelas crianças. Volta e meia pipocam nas redes sociais virais com crianças contestando a “lógica” do “de menino” e “de menina”.
Em fevereiro deste ano o pequeno Arthur de 4 anos questionou sua mãe:
Por que as bonecas só falam: Quero colo, mamãe!
Por que elas nunca falam: Quero colo, papai!
Ligiane Ramos, a mãe, explicou numa rede social que o menino está acostumado a brincar de bonecas com sua irmã mais nova, bem como a ver o pai cuidando da irmã. Logo, o questionamento do filho a fez refletir, por isso decidiu compartilhar na rede.
Milhares de pais e mães se identificaram e a publicação obteve mais de 200 mil curtidas e cerca de 20 mil compartilhamentos.
Ligiane e o marido são um exemplo a ser seguido, ambos entendem como sendo natural Arthur brincar de casinha. E é super normal mesmo. Não só é natural como é melhor para o desenvolvimento criativo e emocional do menino.
Segundo a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC):
No fim, ser livre para brincar é o melhor para a criança. Crianças não têm preconceitos de gênero. Os pais que as ensinam (azul é de menino, rosa é de menina, boneca é de menina, carrinho é de menino).
Quando os pais limitam os papeis dos filhos (ex: isso não pode, não é coisa “de menina”) acabam limitando o processo de aprendizado da criança nas atividades lúdicas, e por consequência estimulam preconceitos futuros dos mais bobos como “mulher não sabe dirigir” aos mais sérios como “homem não pode chorar”.
O seu filho não se tornará gay porque brinca de casinha. Nem a sua filha se tornará uma lésbica por gostar de brincar com caminhões.
Segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh, do Núcleo de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas-USP: “Esse tipo de brincadeira, muitas vezes, faz parte do desenvolvimento normal das crianças. Não caracteriza nada nem determina identidade nem orientação sexual“.
O psiquiatra descarta qualquer influência porque, segundo pesquisas recentes, a diferenciação dos cérebros em masculino ou feminino acontece ainda dentro do útero, durante a gestação e ao longo do desenvolvimento da criança.
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Meninos e meninas que desempenham diferentes papeis em brincadeiras – pais, filhos, super-heróis, bandidos, caminhoneiros, bombeiros, caixas de supermercado, etc – acabam desenvolvendo melhor suas habilidades emocionais e o poder de criação.
Por isso, da próxima vez que for encarar uma loja de brinquedos com uma criança não a contamine com o seu preconceito, deixe-a livre para escolher qualquer brinquedo, independente do tipo e da cor. O seu filho(a) e a sociedade agradecem!
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E se ainda restar alguma dúvida…
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Comentários
1 comentárioComo lidar ao desconfiar ou descobrir que seu filho é gay ou trans – Pais em Apuros
maio 22, 2017[…] roupa de futebol americano, ela dirá que é uma menina. Porque a maioria dos preconceitos do tipo “isso é de menino e isso é de menina” são construções culturais e sociais que os pais projetam nas […]