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Lançar objetos não é bagunça. É só o seu bebê se desenvolvendo

Existe uma fase no desenvolvimento dos bebês que faz muitos pais se sentirem como cachorrinhos de estimação. É a fase de jogar objetos no chão, uma fase marcada pela repetição. Muitos pais passam horas buscando os objetos arremessados pelos filhos. E esse abaixa e levanta incessante, o vai e vem pelos cômodos da casa recuperando objetos jogados, e até mesmo contorcionismos épicos para evitar que objetos quebráveis sejam arremessados é bastante desgastante e muitas vezes leva os adultos à loucura.

Muita calma nessa hora

Mas antes que você pense que o seu filho não vai com a sua cara ou então que ele não escuta direito e não assimila os seus “não faça isso” de reprovação, saiba que arremessar objetos é uma fase importantíssima no desenvolvimento dos bebês. Uma fase na qual eles podem passar horas a fio aperfeiçoando o lançamento. Mas não é nada pessoal, o seu bebê está apenas conhecendo o mundo. E arremessar objetos ajuda muito.

Bebês são autodidatas

Adultos após anos em bancos escolares tendem a pensar que aprender tem a ver com observar um professor explicar ou fazer algo, para então após isso o aluno tentar replicar. E muitos levam isso para a vida e quando tem filhos acreditam que estes aprenderão tudo com eles, seus pais. Observando e replicando. Em parte, isso acontece, mas boa parte do desenvolvimento dos pequenos se deve exclusivamente a eles mesmos. Bebês são como autodidatas aprendem por conta, e a fase encarada pelos adultos como um irritante jogo de lançar objetos, para eles é aprendizagem. É metodologia de bebê. Pesquisa se tornando conhecimento ao vivo a cada lançamento.

Teorias do seu bebê

Nos primeiros meses de vida bebês entendem que aquilo que não veem não existe. Mas a partir do sexto mês começam a perceber que algo que não esteja ao alcance de seus olhos ainda pode existir. E esse conhecimento se desenvolve graças ao lançamento dos objetos. Uma vez que a mãe recupera e entrega um objeto para o bebê, ele entende que mesmo sem ver para onde foi o objeto este ainda existe. E bebês colocam isso à prova podendo passar longos períodos fazendo seus papais de bichinho de estimação. Mas não é tiração de onda, é ciência de bebê, pesquisa e prova prática. Aos olhos dos bebês cada arremesso é uma nova experiência. E isso serve para fortalecer e desenvolver diversos aspectos motores e psicológicos. Por isso lançar é instintivo, a cada lançamento o bebê aprende algo novo.

O que o bebê descobre

Ao jogar objetos no chão os bebês descobrem que as coisas e as pessoas que saem de sua visão não deixam de existir. Esse processo é chamado por especialistas de “construção da permanência do objeto” e é muito importante para o desenvolvimento psicológico da criança. Os bebês também aprendem, entre 1 e 2 anos de idade, que as ações têm conseqüências, causa e efeito (o objeto lançado ao cair no chão faz barulho e cada objeto emite sons diferentes, e seus pais ora fazem uma cara boa, ora uma cara feia, dependendo do que foi lançado). E com os lançamentos os bebês também desenvolvem capacidades motoras. Segurar e lançar diferentes objetos faz com que conheçam novas texturas e formas. Tudo isso por conta própria, do jeitinho gracioso e estabanado dos bebês.

Que bagunça que você fez, bebê!

Por isso, a partir de agora antes de usar a frase acima para repreender o seu filhote, lembre-se, não é bagunça é pesquisa ciêntifica de bebê, às vezes um pouco irritante, porém fofa e eficiente. E eles fazem isso brincando, essa é a maneira deles explorarem o mundo. A fase de jogar objetos é um curso natural da vida e dura cerca de 15 meses, contando a partir do oitavo mês de vida. E a boa notícia para os pais é que por volta dos 3 anos a brincadeira perde a graça. Mas até lá, para você não se estressar, confira abaixo algumas dicas para lidar bem com essa fase.

Vai que o seu filho fica bom ;D

Como lidar?

1- Seja paciente e tolerante. Aquela mamadeira ou prato de comida arremessada não é o bebê testando o limite da paciência dos pais, e nem desvio de comportamento. É só uma fase, e uma fase importante para o desenvolvimento do seu filho.

2- Não adianta investir em brinquedos recomendáveis para determinada faixa etária achando que estes por si só entreterão os pequenos a ponto deles não se interessarem por outros objetos. Lembre-se, bebês são pequenos pesquisadores desbravando um novo mundo. Eles vão querer lançar de tudo. Por isso olhos bem abertos. Mantenha seu bebê longe de objetos quebráveis e perigosos como produtos de limpeza, objetos com pontas, objetos cortantes, objetos de vidro, eletrônicos, isqueiros, entre outros.

3-  Apesar da palavra ter muito pouco significado nessa idade (até os 2 anos e meio) as reprimendas negativas, mesmo que pouco assimilidas, são necessárias para iniciar os bebês no inevitável mundo do limite. Mas guarde os seus “nãos” para momentos nos quais o arremesso de algum objeto tenha oferecido algum risco à criança ou então algum prejuízo (o celular do papai por exemplo).

4- Afine o seu “não pode”. Abaixar-se inúmeras vezes para recolher objetos pode se tornar exaustivo. Mas brigar com o seu filho não vai adiantar em nada. Converse com o bebê utilizando um tom de voz normal. Procure explicar que nem tudo deve ir ao chão. Mas sem raiva ou alteração de voz. Pesquisadores da Universidade de Oregon (EUA) mapearam a atividade cerebral de bebês de 6 a 12 meses cujos pais brigavam frequentemente e verificaram que as áreas ligadas ao estresse reagiam excessivamente ao ouvir vozes exaltadas, interferindo no controle emocional e no aprendizado dos bebês.

5- Evite se desgastar e se preocupar por causa da bagunça que o bebê cria. Todo mundo sabe que casa com criança tem objetos jogados.

6- Mas fique atento. Essa fase deve cessar por volta dos três anos de idade. Se o hábito persistir após os 3 anos os pais devem tomar providência. Nessa idade a criança já tem entendimento e compreende melhor o significado de “não pode”. O fato de ainda prosseguir o lançamento de objetos pode significar que o bebê está utilizando a prática como um recurso apenas para chamar a atenção dos pais.

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Autor desta Publicação
Gilmar Silva
Jornalista e educador.

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